Floriano Peixoto, o “Marechal de Ferro”, no alvorecer da República, em 1894, não entregou o poder presidencial ao seu sucessor eleito, Prudente de Morais. Retirou-se para uma fazenda no sul fluminense, onde viveu os derradeiros anos de sua vida.
General João Figueiredo, último presidente da ditadura, saiu pela porta dos fundos do Palácio do Planalto, em 1985, para não cruzar com José Sarney, seu sucessor, vice do moribundo Tancredo Neves. Rombudo, disse considerar o maranhense “um pulha” e pediu para ser esquecido.
Pois o capitão Jair Bolsonaro consegue fazer pior. Abusa do poder, ao mobilizar grande aparato OFICIAL para uma viagem aos EUA, COM RECURSOS PÚBLICOS, cercada de mistério, de vai-não-vai, a três dias do final de seu (des)governo.
Ao contrário de seus antecessores na falta de educação democrática – que ao menos se posicionaram com clareza até o fim, mesmo equivocados – Bolsonaro silencia diante de articulações e atos golpistas, tornando-se cúmplice deles. Não reconhece o resultado das eleições de 30 de outubro, na contramão do Brasil e do mundo.
No plano da Saúde Pública, no qual está incriminado pela PF, além de desestimular o uso de máscaras e debochar das mortes, nunca confirmou ter tomado a vacina contra a Covid… É um insano (mas não inimputável!).
Vários pedidos de prisão estão em curso agora. Visam desmantelar a rede de golpistas e terroristas, alguns deles aquartelados em frente a unidades militares, com a conivência das autoridades. No Distrito Federal, a PM e o Exército não conseguiram desmobilizar os fanáticos de direita. Um fiasco.
A fuga de Bolsonaro, o “mito dos patriotários”, para a Flórida – Miami, Orlando, Disney, ou seja lá pra onde for, com ou sem dona Michelle – não vai protegê-lo das investigações sobre os atentados ao Estado Democrático de Direito.
Que bom que domingo o país vai se livrar do pior presidente de sua História. Vamos voltar a respirar.
*Chico Alencar é professor e escritor, vereador e deputado federal eleito no Rio de Janeiro
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