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Não vai ter perdão

Somos democracia torcida Corinthians
Reprodução

Direita Volver

Coluna mensal que acompanha os passos da Nova Direita e a disputa de narrativas na Internet. Por Ademar Lourenço.

Aqueles que esperam uma reconciliação e o fim da polarização no Brasil estão enganados. A polarização vai continuar. Não por uma atitude vingativa e revanchista da esquerda. Mas porque a direita fascista vai continuar atacando a democracia e a vida civilizada. Eles não vão perdoar a esquerda pela derrota que tiveram. Ficarão ainda mais violentos agora que não têm mais a responsabilidade de ser governo. Vão sabotar o país e instigar a violência. Do lado deles não vai ter perdão. Do nosso lado, também não pode ter. 

Logicamente, isso não vale para a maioria das 58 milhões de pessoas que votaram em Bolsonaro. Algumas votaram no genocida em função do assédio eleitoral e da compra de votos. Outras se enganaram pela máquina de Fake News muito bem financiada por empresários e pelo governo. Outras foram influenciadas por falsas lideranças religiosas. Quanto a esses, trabalho de base e paciência. Temos que ser compreensivos e entender os motivos dessas pessoas. 

Mas quanto ao bolsonarista militante, aí a história é outra. O que usa o perfil nas redes sociais para fazer propaganda, o que faz questão de usar aquela toalha ridícula na sacada da casa, o que foi ativo na campanha de Bolsonaro, o que bloqueou estradas contra o resultado das eleições.  Esse aí não tem cura. Esse aí é um inimigo para o resto da vida. Veja bem, não é adversário, é inimigo. Ele quer o nosso extermínio, ele trabalha para que sejamos torturados e mortos. A única relação com esse tipo de ratazana é a inimizade incondicional e perpétua.  

Tal como o marido abusivo que depois de bater na esposa oferece flores, alguns fascistas agora podem se fingir de democratas. Nunca foram e nunca serão. Tal como o marido abusivo, apenas estão esperando a próxima oportunidade para usar a violência. Estender a mão para um fascista é pedir para ser apunhalado pelas costas. 

O bolsonarismo ainda quer a mulher de volta para a cozinha, o gay de volta para o armário, o negro de volta para a senzala, o pobre de volta para o mapa da fome e a esquerda de volta para os porões da ditadura. O bolsonarismo executou um projeto planejado de extermínio de idosos e pessoas de saúde frágil durante a pandemia. Foi um dos maiores assassinatos em massa da história da humanidade. Alguém que militou ativamente em favor disso jamais pode ter a nossa tolerância. Jamais. 

Isso seria radicalismo? De forma alguma. Ulisses Guimarães, um político conhecido por ser um moderado de centro, disse com todas as letras: “Temos ódio à ditadura, ódio e nojo!”. O contexto dessa frase era a redemocratização do Brasil depois da Ditadura Militar. Em 2022, é dever de todo democrata ter ódio e nojo do fascismo e dos fascistas. 

Bolsonaro é o padrinho mágico da pessoa que não quer respeitar os outros. Ao ver seu ídolo desrespeitar a lei e todas as regras de convivência social, o bolsonarista se sente à vontade para fazer o mesmo. “Se Bolsonaro pode falar no palanque que não respeita decisão judicial, eu também posso dar calote na pensão do meu filho”. “Se ele pode agredir uma jornalista em pleno debate, eu também posso bater na minha mulher”. Esse é o pensamento dos bolsonaristas. Eles admiram justamente os defeitos do atual presidente, pois enxergam neles uma autorização para a boçalidade. 

O bolsonarista é antes de tudo um mimado. Um bebê que se recusa a defecar no piniquinho e faz questão de sujar a casa inteira de fezes, e os outros que se virem para limpar. Quando ele fala em “liberdade”, ele quer ser livre para não se importar com o próximo. Ele não aceita que a liberdade dele acabe quando a do outro começa. 

Não se trata de desumanizar o fascista. Ele é que se desumaniza por si próprio. Achar que eles vão mudar é uma ilusão que pode custar caro. O fascista é um lixo humano que deve ser combatido. Ele dever ser silenciado, desmoralizado e isolado. E devemos usar a autodefesa quando ele partir para a violência. E agora é a hora de atacar com força, pois o inimigo está enfraquecido. 

Os bolsonaristas perdoavam tudo em Bolsonaro. O fato dele ser um assassino em massa, o fato dele ser o governante mais corrupto da história do Brasil, sua incompetência gritante. Tudo porque Bolsonaro era um vencedor. Ele fazia tudo o que queria, ameaçava quem queria, ofendia quem queria e não era punido. Era um imbrochável. Mas agora ele não passa mais para seus seguidores a sensação de vitória. O imbrochável brochou. A relação do líder com sua seita está enfraquecida. Devemos explorar isso. Agora é a hora de fazer com que eles passem por uma grande humilhação pública. 

A polarização no Brasil sempre existiu. Ela começou quando chegou aqui o primeiro navio negreiro. Ela é alimentada pelas desigualdades e injustiças do país. De um lado, o chorume humano que quer um país escravocrata. Do outro, aqueles que sabem dos potenciais do povo brasileiro. A luta continua. Não vamos perdoar, não vamos recuar.  Antifascismo sempre!