Bolsonaro se pronunciou 48 horas após o resultado das eleições. O silêncio ensurdecedor foi parte das mobilizações golpistas que começaram com o bloqueio de estradas pelos empresários e caminhoneiros bolsonaristas. É criminosa a omissão e em alguns pontos apoio da Polícia Rodoviária Federal, que até agora não cumpriu integralmente a decisão judicial do TSE respaldada pelo STF.
Nesta tarde seu pronunciamento reforça a continuidade dessas mobilizações. Primeiro porque afirma que compreende a indignação dos manifestantes, segundo porque em nenhum momento reconheceu a legitimidade das urnas e, terceiro, porque fez questão de falar apenas para os 58 milhões de brasileiros que votaram nele e ignorar a maioria dos eleitores do país.
O reconhecimento da transição por Ciro Nogueira é dúbio, e pode ter como objetivo ganhar tempo e seguir testando as mobilizações golpistas. Ao falar em jogar dentro das quatro linhas da Constituição, Bolsonaro, longe de se comprometer com a legalidade, está acenando para sua base nas ruas, pois na realidade paralela em que vivem, estão lá para respaldar que o comandante supremo das Forças Armadas convoque uma Garantia da Lei e da Ordem e/ou aplique o artigo 142 da Constituição Federal, segundo a leitura golpista que eles estabeleceram. A seita neofascista em suas frações mais truculentas vem há muito falando em “intervenção militar constitucional”.
Bolsonaro trabalha com uma linha oficial e outra extra oficial. O discurso de Bolsonaro hoje é a linha oficial, mas a orientação que circula em grupos Bolsonaristas e o chamado à mobilizações nacionais da extrema direita é também uma política orquestrada pelo Planalto. O Partido Liberal é seu partido legal, mas o movimento bolsonarista está muito além dos limites da legalidade. Nos últimos quatro anos no governo, Bolsonaro aparelhou e ganhou parte do aparato das forças de segurança federais e estaduais, o que pode acabar ajudando esse movimento a se sentir mais à vontade e insistir com os bloqueios.
É preciso reagir imediatamente exigindo das instituições do Estado que cumpram o seu papel, liberando o acesso às estradas, afirmando o legítimo resultado das eleições e punindo qualquer desobediência, especialmente dentro das forças de repressão.
É necessário punição imediata, exoneração e prisão de qualquer agente das forças policiais que descumprir ordens judiciais ou apoiar por ação ou omissão movimentos golpistas, a começar pelo diretor geral da PRF Silvinei Vasques.
Suspensão imediata de todas as redes sociais que estão fazendo agitação e convocação de bloqueios e/ou outras ações golpistas que conclamem intervenção militar.
Nossa tarefa é ocupar as ruas com mobilizações em defesa do resultado das urnas. No dia de hoje se reunirão as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo que em nossa opinião devem organizar junto com todos os movimentos sociais e populares amplas mobilizações em defesa da democracia. O espírito golpista que existe no interior do Bolsonarismo não pode ganhar força e simpatia popular, precisa ser esmagado agora.
Às ruas.
In english: Bolsonaro flirts with the coup: it’s time to defend Lula’s victory in the streets!
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