Estamos chegando ao final do 2º turno. Com certeza, o embate nacional contra o genocida é a mãe de todas as batalhas, mas há disputas importantíssimas nos estados. A principal delas acontece em São Paulo, onde Tarcísio de Freitas venceu o 1º turno.
Embora Fernando Haddad ainda esteja atrás nas pesquisas, a diferença vem diminuindo acima da margem de erro. Além disso, nos últimos dias, após o caso de Paraisópolis, a campanha do candidato bolsonarista vive uma forte crise.
Por isso, existe uma chance real de virada no 2º turno, possibilidade que deve animar a campanha eleitoral do petista até domingo, dia 30/10.
O caso de Paraisópolis
No início da semana passada, um suposto tiroteio aconteceu durante agenda da campanha de Tarcísio no bairro de Paraisópolis, comunidade da capital paulista. Um homem morreu baleado.
A fábrica de “fake news” da extrema direita tratou o ocorrido como se fosse um atentado contra a candidatura do Republicanos, hipótese rapidamente descartada pela polícia. Bolsonaro chegou a incluir essa narrativa em seu programa eleitoral na TV e no rádio.
Recentemente, no entanto, novas revelações do caso mudaram o sentido da história e colocaram o bolsonarismo na defensiva. Um cinegrafista da Jovem Pan divulgou áudio no qual ele é pressionado por assessor de Tarcísio, servidor licenciado da Abin, a apagar imagens dos disparos.
As imagens mostrariam homens da equipe do candidato ao governo do estado atirando. Essa versão foi reforçada por testemunhas ouvidas pela polícia, que dizem que seguranças à paisana de Tarcisio mataram um homem desarmado no local.
Durante o debate da Globo, realizado quinta-feira (27), ao ser questionado por Haddad sobre o caso, Tarcísio não negou que sua equipe mandou o cinegrafista apagar os vídeos, apenas disse que o pedido foi feito para “proteger pessoas”.
Temos, portanto, um crime já confessado pelo candidato bolsonarista: destruição de provas. Todas as imagens deveriam ter sido entregues à polícia, pois podem ajudar na investigação do tiroteio e do assassinato.
O caso de Paraisópolis demonstra um comportamento miliciano da candidatura bolsonarista, que pode ter cometido outros crimes até mais graves, como adulteração da cena do crime e assassinato de um homem inocente.
Não sabemos se esse episódio será uma “bala de prata” contra Tarcísio de Freitas, como apontam os mais otimistas. De qualquer forma, é um dever e uma tarefa política fundamental denunciarmos amplamente o caso nessa reta final da campanha.
Campanha de Haddad no rumo certo!
Tarcísio é um forasteiro em São Paulo, não conhece o território, suas necessidades, seu povo e não tem experiência para governar o maior e mais rico estado da nação. Essa questão vem sendo corretamente muito bem explorada pela campanha de Haddad.
Entretanto, queremos destacar dois pontos programáticos que estão em discussão na corrida eleitoral que nos parecem muito relevantes não só pra ganhar a disputa dos votos, como também para a construção de um projeto político de esquerda para São Paulo.
O primeiro é o tema da soberania hídrica e o debate sobre a Sabesp, empresa pública de abastecimento e saneamento básico do estado. Tarcísio já anunciou sua intenção de vender a Sabesp, assim como foi feito com a Cedae no Rio de Janeiro.
Haddad está pautando a questão com muita prioridade nos debates, entrevistas e na propaganda eleitoral obrigatória, explicando que a privatização da empresa pode aumentar a conta de água e piorar os serviços, uma vez que os novos acionistas estarão em busca de aumentar seus lucros.
O segundo tema são as câmeras nos uniformes dos policiais. O candidato bolsonarista já declarou que é contra essa medida. Isso é muito sério, pois em São Paulo temos a PM que mais mata no país.
Desde que as câmeras foram instaladas nos uniformes, a letalidade policial foi reduzida em 46%. Por outro lado, pesquisas recentes constataram que a imensa maioria da população paulista, mais de 90%, é a favor da tecnologia.
A candidatura petista está acertando ao tratar essa questão com destaque na campanha eleitoral, pois essa medida é imprescindível para combater a corrupção policial e a violência policial, que promove o genocídio do povo negro nas periferias das cidades de São Paulo.
É hora da virada à paulista!
As últimas pesquisas indicaram que nulos, brancos e indecisos passam de 10% em São Paulo. Esse dado é muito importante, porque confirma que a eleição no estado não está definida. Sabemos também que muita gente decide o seu voto nos últimos dias antes da eleição.
Agora é hora de ampliar a campanha nas ruas e nas redes para garantir a vitória de Lula no Brasil e impor uma virada de Haddad sobre Tarcísio em São Paulo. Cada voto virado vale muito, cada pessoa engajada na campanha pode fazer a diferença.
Podemos evitar que o bolsonarismo tome conta do nosso estado. A esperança pode vencer o medo, o professor pode vencer o miliciano. Na segunda-feira, oxalá, vamos comemorar a vitória comendo Virado à Paulista, na melhor tradição do nosso estado.
EDITORIAL
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