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BRASIL

Guilherme Cortez, jovem LGBTQIA+ que enfrentou o ex-ministro Salles em Franca (SP), é eleito deputado estadual

da redação

Com apenas 24 anos, Guilherme Cortez é de Franca (SP), cidade onde se formou em Direito pela Unesp e onde construiu sua trajetória política, já tendo sido o quarto candidato mais votado na cidade para a Câmara Municipal. O jovem LGBT foi eleito por São Paulo como deputado estadual, com 45.094 votos, ocupando uma das cinco vagas que o PSOL conquistou na Alesp.

Guilherme fez uma caminhada marcada pela busca da eleição de Lula e a derrota do bolsonarismo, e apresentou propostas em torno de dois eixos principais: a defesa das pautas do movimento LGBTQIA+ e a luta contra a destruição do meio ambiente, que se encontraram já no manifesto inicial de campanha, “Nosso futuro não espera”.

Durante a campanha, ele alcançou evidência no primeiro final de semana da campanha, ao confrontar o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nas ruas de Franca, em campanha para a Câmara Federal. “O senhor não é bem vindo em nossa cidade”, afirmou Cortez, chamando o ex-ministro de ecocida e lembrando de sua gestão no governo Bolsonaro, famosa por defender que o governo “passasse a boiada” no desmantelamento da legislação ambiental, aproveitando-se da pandemia. “Quando você se depara com essa pessoa, você precisa falar, não pode perder a oportunidade de falar algumas coisas, né”, afirmou Guilherme, em entrevista ao EOL. Salles, que neste domingo foi eleito deputado federal, na ocasião chegou a ameaçar Guilherme pelo twitter, mas depois apagou a mensagem.

A defesa do meio ambiente e do ecossocialismo de Guilherme refletem o engajamento da juventude diante do desmatamento e do aquecimento global, que se refletem em eventos climáticos extremos, como a tempestade de areia que tomou conta de Franca em setembro de 2021.

O outro eixo de campanha foi a luta LGBTQIA+, e sua defesa fez com que fosse abraçado como porta-voz da comunidade no Estado de São Paulo, conseguindo apoios na capital e em várias regiões do estado. Dos 45.094 votos alcançados, 10.535 votos foram de Franca, mostrando como a campanha estadualizou-se. Guilherme apresentou um programa e fez dobradas importantes, como a com Erika Hilton (PSOL), eleita com 256 mil votos, a primeira deputada federal trans do estado. “No país que mais mata pessoas por conta de orientação sexual e identidade de gênero no mundo, quantas pessoas LGBTQIA+ têm na sua colinha?”, perguntou Guilherme, em suas redes.

Sua campanha foi alegre, colorida, marcada pelo slogan “A gente merece ser feliz”, defendendo esperança diante do ódio bolsonarista. Não abandonou o sorriso, mesmo tendo sido alvo da extrema direita, dos homofóbicos e do conservadorismo, que deram a vitória a Bolsonaro em Franca no primeiro turno, com 56,60%. A menos de 10 dias das eleições, em um debate, foi acusado por um candidato bolsonarista da região de ter defendido oficinas para ensinar a montar cachimbo de crack aos usuários, mentira que foi respondida nas redes e com uma medida judicial.

Guilherme comemorou nas redes sociais a vitória, após uma apuração desgastante. Já havia festejado a eleição de outros mandatos do PSOL, especialmente o da Bancada Feminista do PSOL, com 258 mil votos, que reúne companheiras de sua corrente política, a Resistência/PSOL, como Paula Nunes, Carolina Iara e Sirlene Maciel. Em seguida, fez questão de reforçar o chamado a retomar a campanha para eleger Lula no segundo turno.

O jovem que iniciou sua trajetória ainda no ensino médio, mas ocupações estudantis em 2015, que participou do movimento estudantil, trabalhou como professor de cursinhos pré-vestibulares populares e é advogado trabalhista, iniciará seu mandato em 2023. Iniciará não apenas como expressão da renovação política da região de Franca, mas como uma liderança de todo o estado, com a coragem necessária para enfrentar a lgbtqifobia, o bolsonarismo e arrancar alegria ao futuro.

 

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