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BRASIL

Paulo Guedes e a praia de 1 bilhão de dólares

Daniel Krauscher, de São Carlos, SP

O ministro da economia, Paulo Guedes,fala à imprensa no auditório do ministério da economia em Brasília

DJ, nós gosta assim, nós tá suave final de semana
Vai achando que é só o Playboy
Que vive em Copacabana”

MC Bin Laden

 

Paulo Guedes, em seu característico estilo vira-latas, não precisa de mais nenhuma demonstração de sua submissão ao capital estrangeiro, afinal isso é parte de seu programa político. O que os anos à frente do ministério da economia demonstraram foi muito mais revelador do que uma agenda neoliberal abandonada inclusive por seus pares de Chicago (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/fernanda-mena/2019/11/a-escola-de-chicago-que-guedes-adota-nem-chicago-mais-defende.shtml). Estar nas manchetes jogou luz a um Paulo Guedes politicamente inepto, intelectualmente limitadíssimo e moralmente submisso aos ditames de qualquer um que grite mais alto. A associação do então futuro ministro com o Posto Ipiranga, de propaganda gratuita para a rede de postos de gasolina, poderia hoje render inclusive uma indenização por danos morais. Se a referência que ficar de posto Ipiranga for Paulo Guedes, será prudente não confiar nem nos salgados da AmPm, para nem falar do combustível do lugar.

Em entrevista ao Flow Podcast (https://www.youtube.com/watch?v=JfsPX7l2UnA), o frentista da economia não teve melhor ideia do que propor a venda das praias brasileiras para investidores estrangeiros. Tivesse o ministro um mínimo de conhecimento da realidade brasileira, saberia que oferecer aos gringos o Atlântico e a “vista pro mar” é uma piada pronta e antiga, criada por Raul Seixas no começo dos anos 1980 em “Aluga-se”, cujos versos ressoam até hoje em disputas de Centros Acadêmicos e DCEs.

Mas Paulo Guedes é Paulo Guedes. Citando cifras irreais que remetem ao embate de Ciro Gomes com Rodrigo Constantino (https://www.youtube.com/watch?v=YeSEKSO0_9w), Guedes não só achou a solução mágica para os problemas do Brasil 42 anos depois de Raul como sintetizou o projeto econômico privatista do neofascimo: “Quando é do governo, não é de ninguém” (https://www.youtube.com/watch?v=4-dc9cD5fsY). Ele quis dizer “Estado”, mas perdoemos.

Qualquer um que tenha morado no litoral brasileiro sabe que as praias (e nem todas) são parte do pouco que resta de espaço democrático de lazer. Não é de hoje que a classe média faz cara de nojo ao ver ônibus lotados chegando às praias, a mesma cara que depois fariam quando esse mesmo povo começou a chegar aos aeroportos. O discurso de Guedes não se dá no vazio e é certeiro em apontar a real polarização que existe no Brasil.

Mas não são só as praias que são do Estado. O SUS e a luta hercúlea pela vacinação que nos permitiu respirar são do Estado. As escolas e universidades públicas, também. A lista é grande e quem não nasceu herdeiro de milionários sabe a importância que essas iniciativas e espaços públicos têm.

Coletivismo X individualismo: domingo é Lula neles!

As eleições de domingo não são uma disputa entre dois personagens, mas duas possibilidades de projetos, ambos em construção. O neofascismo tenta atrair para perto de si uma classe média que, eterna aspirante à burguesia, foi educada não só a desprezar “o povo”, mas a temê-lo, sem saber que é justamente no convívio e na unidade com o povo trabalhador que reside alguma esperança de vida melhor para ela própria. Há um “egoísmo inteligente” em valores como a solidariedade e a cooperação. Além do quê, essa unidade se imporá, seja de maneira consciente, seja do lado de fora da grade o dia que a praia for vendida para os amigos do posto Ipiranga e essa classe média se der conta do real lugar que ocupa na pirâmide social.

Contra todos os absurdos, aos quais se soma agora a proposta de Guedes para as praias, os socialistas devem chamar o voto em Lula sem qualquer hesitação. Queremos Lula no primeiro turno! Na luta contra quem acha que “o que é do governo não é de ninguém”, o ajuste fino da disputa programática com quem defende que “o governo é de todos” precisa se dar em perspectiva. As eleições serem em outubro não tem qualquer implicação programática cabalística. A defesa de um programa revolucionário seguirá. No entanto, com Lula eleito se dará em determinadas condições. Já a defesa de qualquer ideia progressista, com Bolsonaro/Guedes reeleitos, envolverá enfrentamentos que, nesse momento, são imprevisíveis. O que se sabe, contudo, é que não será tranquilo, muito menos favorável.

Pela educação, pela saúde, pela Petrobrás, por um projeto de nação para a classe trabalhadora e, curiosamente, também pelas praias: domingo é Lula neles!

 

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