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Colunas

O voto útil nessas eleições

Lula apontando o dedo para esquerda
Ricardo Stuckert/ DW

Paulo Pasin

Paulo Pasin é metroviário aposentado do Metrô de São Paulo (SP) e ex-presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários).

Na democracia liberal, as eleições são em dois turnos, sendo que no primeiro turno, as forças políticas apresentem sua visão de país para estabelecer debate programático. Já para o segundo turno fica a possibilidade de decidir em qual das duas alternativas que restaram nossa classe poderá lutar em melhores condições pelos seus direitos e ampliação deles. Em determinadas ocasiões há ainda a opção pelo voto nulo.

Esse procedimento, utilizado para as eleições em períodos de suposta normalidade, não se aplica às eleições mais importantes após a queda da ditadura militar, num período em que a extrema direita ganhou pesou de massas no mundo todo e representa grave ameaça.

Estamos diante de uma encruzilhada histórica, caminhando para eleições que são mais que eleições comuns. Em determinados períodos da história da humanidade eleições não se encerram com o voto. Elas abrem ou fecham processos longos.

Com essa constatação, não se pode repetir as fórmulas de “eleições normais” em relação aos dois turnos. Porque, ao que tudo indica, existe o risco de golpe ou a reeleição de um candidato que abertamente defende um regime autoritário.

As forças verdadeiramente comprometidas com as liberdades democráticas, soberania nacional, defesa do meio ambiente e os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, que condenam o machismo, o racismo e a LGBTQIA+fobia têm obrigação de concentrar a votação na candidatura democrática e popular melhor posicionada.

Bolsonaro joga dentro e fora dos limites das regras estabelecidas pelo regime democrático convencional. Nos dois casos necessita levar as eleições para o segundo turno. Sua campanha de questionamentos e negativa das urnas eletrônicas para não aceitação dos resultados eleitorais só funcionará em caso de segundo turno, vez que, se aplicado ao primeiro turno, estaria também colocando em xeque eleições de governadores, senadores, deputados federais e estaduais.

E ainda tem a estratégia bolsonarista que, em caso de ocorrência de segundo turno, haverá mais tempo para o governo e as forças de extrema direita lançarem novas medidas eleitoreiras para reduzir o desgaste do governo. A reeleição do fascista ou o perigo de um golpe são faces da mesma moeda. Bobear pode ser bem arriscado.

Não podemos nos esquecer que o grande capital que se distanciou de Bolsonaro ainda aposta nas candidaturas da terceira via, mesmo sabendo que Ciro e Simone Tebet não tem condições de estar no segundo turno.

Ocorre que com o crescimento destas candidaturas, torna improvável a vitória de Lula no primeiro turno. Mas por que a elite trabalha para impedir a eleição de Lula no primeiro turno?

Uma vitória no primeiro turno fará com a classe trabalhadora e os setores oprimidos se sintam mais motivados para lutar por suas pautas, suas demandas. A elite não suporta a mobilização genuinamente popular.

Além disso, para o grande capital é conveniente o segundo turno para negociar os termos de um possível apoio a Lula. Como moeda de troca exigirão a manutenção da atual política econômica ultraliberal.

Por estas razões, votar nas candidaturas da terceira via ou em outras é ineficaz. Só ajuda na estratégia eleitoral e golpista do Bolsonaro.

Por estas razões, votar nas candidaturas da terceira via ou em outras é ineficaz. Só ajuda na estratégia eleitoral e golpista do Bolsonaro.

A hora de virar voto é agora. Nestas quatro semanas que faltam para realização do primeiro turno precisamos intensificar as ações de rua, romper as bolhas na internet e virar o voto dos indecisos ou dos que estão pensando em votar nas candidaturas da terceira via. Começando com grandes e massivas manifestações no dia 10 de setembro em resposta às provocações golpistas do dia 7 de setembro. Para tanto é preciso que Lula utilize sua indiscutível liderança para convocar a população para as manifestações de defesa do país frente as ameaças de Bolsonaro.