O consumo de gás de cozinha no Brasil caiu no primeiro semestre deste ano, registrando o pior desempenho desde 2014. Mesmo com o programa Auxílio Gás, a venda de botijões de GLP (gás liquefeito de petróleo) teve uma queda de 4,5% em relação ao período de janeiro a junho de 2021. O maior impacto foi nas regiões Sul e Sudeste do país, com a redução de 5,9% e 5,7% no consumo do primeiro semestre, respectivamente.
Entre os estados brasileiros, Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram os mais afetados, onde as vendas de botijões diminuíram quase 8%. No estado de São Paulo, a queda foi de 5,9% e no Rio de Janeiro, de 4,2%. A análise é do Observatório Social do Petróleo, baseada em dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) sobre GLP vendido em vasilhames de até 13 quilos, os mais usados em residências.
“Essa queda ocorre tanto por conta do preço elevado do botijão, quanto pela crise econômica. Neste primeiro semestre, o GLP foi vendido em média por R$ 110,36 (em valores deflacionados para julho de 2022), preço 40% superior à média real do restante da década verificada”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
Um dos efeitos da perda do poder de compra do brasileiro, segundo Dantas, é o crescimento do uso de lenha pelas famílias. “Em 2021, o consumo de lenha foi o maior em mais de uma década, de acordo com levantamento da EPE (Empresa de Pesquisa Energética). O cenário atual, lamentavelmente, é de mais lenha e menos gás. Nem o auxílio gás foi até agora suficiente para impedir esse retrocesso, o que mostra o tamanho do problema”, destaca o economista.
Desde 2018, a partir da escalada do valor do gás, resultado da política de preços da Petrobrás – o PPI (Preço de Paridade de Importação) -, a lenha passou a ser a segunda fonte de energia residencial mais utilizada no Brasil, de acordo com dados da EPE. A principal fonte de consumo é a energia elétrica e, em terceiro lugar, aparece o GLP.
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