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Estamos chegando nos 20 dias que podem valer 20 anos

Ricardo Stuckert

Direita Volver

Coluna mensal que acompanha os passos da Nova Direita e a disputa de narrativas na Internet. Por Ademar Lourenço.

A campanha eleitoral já está nas ruas. Os candidatos a deputados, senadores e governadores estão correndo freneticamente atrás de votos. Mas a polarização que marca a eleição para a Presidência da República ainda não mostrou todo o seu potencial. Isso vai mudar.

No dia 07 de setembro, os bolsonaristas farão uma manifestação pela volta da Ditadura Militar. Será um ato grande. Vai inflamar as tropas inimigas. No dia 10 de setembro, será realizada uma manifestação pela democracia, com forte presença de eleitores de Lula. Também será um ato grande.

A partir daí, a polarização vai tomar as casas, as famílias, os locais de trabalho e as ruas. E isso vai durar no mínimo até 30 de setembro, último dia de campanha do primeiro turno.

Não é uma eleição entre Lula e Bolsonaro. É um plebiscito para decidir se a próxima geração de brasileiros vai viver em uma democracia ou em uma ditadura. Serão 20 dias que podem definir os próximos 20 anos.

Esqueça o bolsonarista convicto, mobilize quem já é Lula e tenha paciência com indecisos e ciristas

Devemos evitar qualquer tipo de contato com o bolsonarista militante. Em primeiro lugar, ele não vai mudar de ideia. Ele não mudou depois de 600 mil mortos por Covid-19 e 30 milhões de brasileiros passando fome. Se Bolsonaro dar um tiro na cabeça de um recém-nascido em cadeia nacional, esse sujeito vai continuar com as mesmas opiniões. Vai dizer que o bebê era filho de petista e que o “mito” cortou o mal pela raiz.

Em segundo lugar, temos que nos preocupar com nossa segurança. O bolsonarista militante é violento e tende a partir para a agressão. O afastamento desse tipo de gente deve ser total. Não conversar, não aceitar provocações, não estar no mesmo lugar e evitar qualquer tipo de interação.

Mas temos que saber diferenciar. O militante é o que cola adesivo no carro, compra toalha e usa os perfis nas redes sociais para fazer propaganda do governo. No entanto, há aquela pessoa que quer votar em Bolsonaro, mas não se expõe. Com essa última, uma conversa individual e bem paciente talvez ajude. Ela pode mudar de opinião se alguém de confiança conversar da forma correta.

Do nosso lado também tem a pessoa que quer votar no Lula, mas não está 100% decidida. Pode não sair para votar ou talvez mude de ideia por se sentir obrigada a agradar alguém. Alguns terão medo do chefe, do pastor da igreja ou do pai bolsonarista. Uma boa conversa com um amigo de confiança pode empoderar esse eleitor.

E os apoiadores de Ciro Gomes? Não compensa brigar com os ciristas. Muitos estão bem decididos. Mas o cirista não é um boçal e via de regra defende a democracia. Além disso, os eleitores de Ciro não têm, em sua maioria, dinheiro para ir à Paris. Eles vão ter que se decidir entre Lula e Bolsonaro caso haja um segundo turno. Por isso é bom manter uma ponte de diálogo.

O principal trabalho nos últimos 20 dias de campanha é fortalecer a convicção daqueles 47% que já querem votar em Lula. Transformar intenção de voto em voto. Para isso, temos que inundar as ruas de bandeiras, panfletos, camisetas, toalhas e todo tipo de material que fortaleça a decisão de quem já quer votar pela democracia.

As fake news 2.0 vão fazer 2018 parecer brincadeira de criança

O que esperar da campanha nas redes sociais depois dos atos bolsonaristas de 7 de setembro? As fake news estão se reproduzindo como coelhos. Não são muito novas, mas são perigosas. Eles inventam que Randolfe Rodrigues é “gay desde criança”, que Lula é alcóolatra e que Anita passou AIDS para centenas de homens. A acusação de que a esquerda promove a pedofilia também está fervilhando nos grupos de whatsapp, nos vídeos do TikTok e agora nas conversas presenciais. Em resumo, a tática deles é nos chamar de “ladrões, bichas e maconheiros”.

Michelle Bolsonaro virou uma espécie de embaixadora da campanha inimiga entre mulheres evangélicas. E isto tem dado bons resultados para eles. Esta ofensiva é reforçada por fake news sobre proibição do cristianismo, igrejas queimadas e religiões de matriz africana. Bolsonaro sabe que só tem alguma chance se tiver uma larga vantagem entre os mais religiosos. A defesa da liberdade de crença, do estado laico e do respeito entre quem pensa diferente pode decidir tudo.

E agora temos que nos preocupar com as fake news 2.0. Um truque que reuniu edição de imagem e de som produziu um vídeo até convincente da Renata Vasconcellos anunciando no Jornal Nacional que Bolsonaro está com vantagem nas pesquisas.

Não vamos viver a ilusão de que acordos com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vão barrar a difusão de notícias falsas. A vigilância aumentou, mas os recursos nas mãos do inimigo aumentaram em proporção maior. Em resumo, vai ser pior que em 2018. As mentiras serão mais convincentes e mais bem distribuídas.

Onde foram parar os golpistas?

Além das redes sociais, também vai ter golpe baixo na vida real? Será que Bolsonaro aprendeu a respeitar a democracia? Ele estava mais calmo na sabatina do Jornal Nacional e a gente não vê mais atos pedindo a volta da Ditadura Militar, como acontecia na pandemia. Nas redes bolsonaristas mais fáceis de monitorar, parece que o discurso foi amenizado. Será?

Um dos poucos casos em que um jornalista conseguiu informações de um grupo de empresários bolsonaristas mostrou que o golpismo segue existindo, mas agora camuflado. Eles têm uma rede de comunicação interna bem fechada, onde só os iniciados conseguem entrar. É nesse subterrâneo que a coisa acontece.

De vez em quando, esse chorume aparece à luz do sol. Um exemplo foi em 2021, quando o Presidente fez um desfile de tanques para amedrontar o Congresso, a famosa “tanqueciata”. Ali o discurso golpista foi exposto para todo mundo ver. Se Bolsonaro perder as eleições, os ratos vão sair do bueiro. Hoje eles estão discretos para não atrapalhar o genocida na campanha eleitoral.

É nas ruas que vamos vencer. Participe!

Se você já sabe que o voto em Lula é o único meio de garantir a democracia no Brasil, você deve tirar algumas horas de alguns desses 20 dias finais para participar da campanha. Será decisivo o apoio de quem não é “militante de carteirinha” mas quer ajudar nessa eleição.

Se você nunca participou de uma atividade política presencial, essa é uma boa hora de começar. Se você não tem disposição para a política, mas acha que, pelo menos, uma vez em sua vida compensa participar, essa vez é agora. NÃO fique em casa! Se antes a gente se isolou para evitar a Covid-19, agora temos que anos aglomerar para salvar a democracia.

Sem militância de esquerda na rua, Bolsonaro ganha vantagem. Os eleitores de Lula menos decididos podem vacilar na hora de sair para votar. Os indecisos podem ir para o lado de quem demonstra mais mobilização. As redes sociais são importantes. Não se esqueça de curtir, compartilhar e fazer seus vídeos. Mas as ruas não têm algoritmos. É nelas que a gente muda a história.

Há risco? Sair de casa de forma organizada, com uma quantidade considerável de pessoas e longe de bolsonaristas é algo muito seguro. O único medo que devemos ter é da reeleição do genocida. Se você quer ser parte da história do país, a hora é agora.

 

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eleições 2022