Pular para o conteúdo
BRASIL

Nenhuma defesa do golpismo deve ser tolerada

da redação
Empresários apoiam Bolsonaro golpe de Estado
Reprodução

Na esteira das recentes ameaças golpistas animadas por Bolsonaro, veio à tona nesta quarta-feira, 17/08, uma série de mensagens trocadas entre empresários bolsonaristas em um grupo de whatsapp, defendendo abertamente um golpe de Estado caso Lula vença as eleições.

Segundo a matéria de Guilherme Amado, do portal Metrópoles, o grupo onde as mensagens conspiratórias foram trocadas chama-se Empresários & Política, existe desde o ano passado e reúne os empresários Luciano Hang (excêntrico proprietário das lojas Havan também conhecido como “véi” da Havan), Afrânio Barreira (Grupo Coco Bambu), José Isaac Peres (shoppings Multiplan), José Koury (Barra World Shopping, no Rio de Janeiro), Ivan Wrobel (W3 Engenharia) e Marco Aurélio Raymundo “Morongo” (Mormaii Surfwear).

Em uma das mensagens, o proprietário do shopping Barra World e especulador imobiliário no Rio de Janeiro, José Koury, afirmou: “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”. O comentário de Koury foi uma resposta endossando o que Ivan Wrobel havia escrito no grupo: “Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”.

Na mesma toada golpista e militarista, o dono da marca Mormaii revela a verdadeira natureza do ato bolsonarista convocado para ocorrer daqui a algumas semanas: “O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”.

Segundo o colunista Guilherme Amado, as conversas passaram a ter esse tom desde o dia 31 de julho, dez dias após a reunião de Jair Bolsonaro com embaixadores e as reações de repúdio que se seguiram.

Em tempos de golpismo aberto e no marco de tantas ameaças em curso, essa troca de mensagens não pode ser vista como um casual convescote de amigos em um grupo whatsapp. Mesmo que alguns dos empresários na troca de mensagens não respondam pelo grosso do PIB brasileiro, alguns são íntimos do governo e do bolsonarismo, como o dono da Havan, conhecido pelo negacionismo durante a pandemia.

Serão necessárias medidas políticas e jurídicas para impedir qualquer aventura conspiratória que conteste a possível vitória de Lula. E todo tipo de atitude que conspire contra as eleições deve ser combatido. Nesse sentido, foi muito importante a declaração do senador Randolfe Rodrigues (REDE), que afirmou estar providenciando uma petição junto ao STF, “pedindo quebra de sigilo, bloqueio e se necessário prisão” dos empresários. E concluiu: “A democracia não pode tolerar a convivência com quem quer sabotá-la.” Estes e outros empresários e youtubers, responsáveis por mentiras e por incentivar o golpismo, devem pagar por seus crimes.

Mas, sobretudo, será necessário redobrar a resistência que vem se construindo desde o último dia 11, nas ruas e nos movimentos sociais. O ato com Lula marcado para ocorrer logo mais, em Belo Horizonte, e o ato agendado para sábado, 20, no Anhangabaú, em São Paulo, assim como o Dia nacional de luta agendado para o dia 10 de setembro, precisam ser grandes trincheiras anti-golpistas e antifascistas. Não há outro caminho para derrotar o golpismo e garantir a vitória de Lula senão a mais ampla mobilização no país.