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EDITORIAL

Como garantir a vitória de Lula?

Editorial
Ricardo Stuckert

Começou oficialmente a campanha eleitoral. Trata-se da disputa mais importante desde o fim da ditadura militar. Muita coisa está em jogo. A derrota de Bolsonaro para Lula significaria uma enorme vitória popular e democrática. O contrário, o triunfo do fascista, representaria um terrível revés ao povo trabalhador e oprimido, colocando em grave risco as liberdades democráticas ainda existentes.  

Lula desponta como favorito nas pesquisas, mas a vitória não será fácil, nem está garantida. Bolsonaro tem muitos recursos e influência. Vai jogar pesado, com métodos sujos, para não perder. Com benefícios sociais eleitoreiros e a máquina de fakenews, pode até subir nas pesquisas. 

Mas a esquerda, conectando-se às necessidades mais sentidas pelas maiorias sociais, tem condições de vencer, abrindo uma nova página na história do Brasil. Para isso, é preciso acertar na estratégia e nas táticas na campanha. Apresentamos, nesse editorial, dois passos que consideramos decisivos para assegurar a vitória de Lula em outubro. 

1 – Apresentar propostas concretas em benefício do povo trabalhador 

A vida para a grande maioria da população está muito sofrida. A fome assola milhões de famílias. O nível de endividamento nunca foi tão alto. O salário não chega ao final do mês. Os preços dos alimentos continuam a subir. Faltam empregos e oportunidades para os jovens. A violência contra as mulheres e as pessoas LGBTs só cresce. E, em todos esses aspectos sociais, a população negra é a mais penalizada. 

Embora o aumento eleitoreiro do Auxílio Brasil para R$ 600 possa ter um impacto eleitoral positivo para Bolsonaro, ele está longe de resolver o drama da crise social. A campanha de Lula é a única que pode apresentar compromissos reais às grandes massas populares para mudar essa situação. É preciso defender propostas emergenciais. 

Por exemplo, Lula deveria assumir o compromisso de aumentar o valor do Auxílio para R$ 1.000,00. Assim como ampliar o alcance do programa, para beneficiar todas as famílias em situação de pobreza. A imprensa e o mercado vão perguntar: de onde o Lula conseguiria o dinheiro para pagar mil reais de renda básica? A resposta não é difícil: taxando as grandes fortunas, lucros e dividendos dos super-ricos desse país.

Nas demais questões sociais centrais — emprego, combate às opressões, saúde, educação, meio ambiente etc. —, a campanha Lula deve também apresentar propostas concretas. Medidas que devem ser financiadas tirando do andar de cima, que acumula uma riqueza incontável explorando e oprimindo nosso povo. Apresentando compromissos concretos às massas populares, para resolver seus problemas imediatos, Lula certamente consolidará sua liderança eleitoral.

Mas alertamos: a pressão do grande empresariado é no sentido inverso. Os ricos querem que o ex-presidente modere seu programa para agradar mais as elites. O PT já fez concessões equivocadas e perigosas para a direita, como colocar Alckmin como vice. Ceder ainda mais à classe dominante diminuirá a capacidade de Lula de empolgar a classe trabalhadora, a juventude, o povo negro e as mulheres em sua campanha.

2 –  Fazer uma campanha com muita gente na rua

O golpismo de Bolsonaro está enfraquecido após o posicionamento de amplos setores da sociedade em defesa da democracia e do sistema eleitoral. Foram muito importantes os atos de 11 de agosto. Mas o bolsonarismo não irá recuar da batalha das ruas, nem de suas intenções golpistas. Tentará demonstrar força na manifestação fascista que prepara para o 07 de setembro. 

A esquerda deve jogar todo esforço para conquistar a hegemonia das ruas, de modo a impedir qualquer aventura golpista e também para alavancar a campanha Lula. O primeiro objetivo deve ser levar multidões aos atos com Lula. Nesse semana, haverá comício em Belo Horizonte, dia 18, e em São Paulo, dia 20. Uma ampla convocação desses eventos se faz necessária. 

Além de colocar milhares nos comícios de Lula, é necessário impulsionar a campanha de rua e nas redes sociais, para ampliar o diálogo com a população, especialmente com os trabalhadores, os mais pobres, a juventude, o povo negro, as mulheres e a população LGBTQI. 

As candidaturas proporcionais podem cumprir relevante papel na tarefa de massificar a campanha de Lula. Corretamente, as candidates do PSOL (aos governos estaduais, ao senado, ao Congresso e às Assembleias Legislativas) estão muito engajadas na batalha principal que é derrotar Bolsonaro elegendo Lula. 

Outro objetivo deve ser a preparação, desde já, de uma grande manifestação unitária em 10 de setembro, em resposta ao ato golpista que ocorrerá em 07 de setembro. 

Em resumo: é preciso construir uma campanha Lula mobilizada, com muita gente nas ruas. É hora de coragem e luta para derrotar Bolsonaro!