Na última quinta-feira, 11, a Comissão de Justiça da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro aprovou por unanimidade, com sete votos, o relatório final do vereador Chico Alencar (PSOL), que pede a cassação do mandato do vereador Gabriel Monteiro (PL), acusado de estupro, assédio moral, assédio sexual e manipulação de vídeo. A Comissão volta a se reunir nesta quarta-feira, 17, para analisar o recurso apresentado nesta segunda-feira, 15, pela defesa do parlamentar, que acusa a Comissão de desrespeitar a Constituição e a legislação da Casa, durante o processo. Caso a comissão rejeite o pedido da Defesa, o que é o mais provável, o processo seguirá para o Plenário da Câmara, podendo ir a votação ainda nesta quinta-feira, 18.
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Para a cassação, são necessários 34 votos favoráveis de 50 parlamentares aptos a votar. Caso isso ocorra, o vereador e youtuber perderá o mandato, ficando inelegível por oito anos. Ele é pré-candidato a deputado federal e seria impedido de disputar a vaga, caso a Câmara aprove o relatório até 12 de setembro, prazo determinado pela Justiça Eleitoral. Eleito com 60 mil votos, o ex-policial, lançado pelo MBL, chegou a ser uma das apostas do bolsonarismo para a Câmara Federal, até a divulgação das denúncias, incluindo um vídeo do parlamentar fazendo sexo com uma menor de idade.
Há grande expectativa para a votação desta quinta-feira no Rio de Janeiro. “Cassar o mandato de Gabriel Monteiro é dar uma resposta ao povo do Rio de Janeiro, em especial às mulheres, a aqueles e aquelas que cuidam de suas crianças, que são vítimas de abusadores. O movimento de mulheres mais uma vez estará nas ruas e acompanhando a sessão. Esperamos que os vereadores e as vereadoras compareçam e votem pela cassação. A Justiça precisa ser feita!”, afirma Tatianny Araújo, da Resistência Feminista e co-candidata a deputada estadual pela Coletiva Feminista do PSOL. A candidatura coletiva lançou ainda uma petição online pela cassação, que pode ser assinada aqui. O 8M Rio de Janeiro convocou uma manifestação para lotar as galerias e as escadarias da Câmara.
Perseguição a adversários
Nesta quarta-feira, 17, a imprensa divulgou o conteúdo da denúncia feita por Vinícius Hayden Witeze, ex-assessor morto dois dias após o depoimento, em um acidente de carro. Vinícius descreveu como Gabriel Monteiro teria organizado um “setor” em seu gabinete dedicado a perseguir e investigar desafetos, outros vereadores e autoridades, como a então secretária de Assistência Social do município, Laura Carneiro (PSD), que chegou a ser perseguida por dias inteiros.
O ex-assessor afirmou que outros vereadores não chegaram a ser monitorados simplesmente por falta de tempo, por outras demandas pedidas por Gabriel Monteiro. A prática foi repudiada pelo relator do processo, Chico Alencar (PSOL). “Combater o corporativismo parlamentar e exigir e praticar transparência no exercício dos mandatos é um imperativo, mas armar esquemas policialescos para aparecer, hipocritamente, como ‘único honesto’, é ação completamente deturpada e negativa, de descrédito no Legislativo e autopromoção”, declarou ao EOL o vereador do PSOL, que tem sido vítima de ameaças nas redes sociais por apoiadores de Gabriel Monteiro. A denúncia de um setor policialesco se soma a outras práticas do vereador, como a de invadir hospitais e perseguir profissionais de saúde, colocando-os como responsáveis pela crise da saúde pública.
Uma das principais denúncias contra Gabriel Monteiro é a de ter praticado e filmado sexo com uma menor de idade. Em seu depoimento, Sandra Neder, de 66 anos, ex-empregada na residência de Gabriel Monteiro, conta que a adolescente filmada, de 15 anos, ia quase todos os dias para a mansão do vereador. “Ela chegava de uniforme e almoçava lá. Tinha cara de criança. É impossível que Gabriel achasse que fosse maior de idade.”, denunciou. Segundo Neder, a menina era recepcionada com a música “Galinha Pintadinha” quando chegava à residência.
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