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BRASIL

Desesperado, Bolsonaro aposta em lei que o protegeria de responder por seus crimes

Blindagem de ex-presidentes está em debate no Centrão

Da redação
José Cruz/Agência Brasil

A menos de dois meses das eleições, voltou a ganhar força, nos corredores do Congresso Nacional e do Planalto, o debate sobre a elaboração de uma PEC capaz de conceder a ex-presidentes o cargo de senador vitalício, o que inclui prerrogativas como foro privilegiado e imunidade parlamentar.

Essa proposta, revelada pelo podcast “Papo de Política”, da GloboNews, ainda em meados de 2021, seria uma articulação do Centrão, incluindo aí o próprio judiciário, para o estabelecimento velado de uma espécie de “pacto pela tranquilidade institucional”, ou seja, uma concessão com objetivo de arrefecer os ânimos exaltados do bolsonarismo, diante da derrota eleitoral cada vez mais próxima. 

De fato, ainda que com a maquiagem da extensão aos demais ex-presidentes, essa PEC viria em socorro principalmente de Bolsonaro, que pode ter o mesmo destino de outros bolsonaristas como Allan dos Santos e Zé Trovão, depois que perder o mandato. Com a diferença de que os crimes de Bolsonaro foram exponencialmente mais graves, tendo em vista o desastre que foi a gestão da pandemia, cujo resultado foi mais de 600.000 mortes. Bolsonaro sabe que esse pode ser o seu fim, tanto que já disse mais de uma vez que não acabará “como Jeanine Áñez”, golpista boliviana que chegou a assumir o poder em seu país, depois de um golpe, e que, após as novas eleições, foi presa. 

Não por acaso, muitos jornalistas estão batizando essa proposta de “PEC Pinochet”, em alusão ao breve mandato de senador vitalício que teve o ditador chileno, em março de 1998, como tentativa de blindagem dos crimes que cometeu contra o povo do Chile no período da ditadura. 

Outro possível beneficiado com a medida seria Michel Temer, envolvido em denúncias durante o seu mandato golpista, incluindo a prisão de seu assessor com uma mala de dinheiro. O temor de ser preso é um motivo a mais para Temer ter atuado como bombeiro durante o governo, estabelecendo pontes entre as instituições, a favor de Bolsonaro.

Derrotar Bolsonaro e fazê-lo pagar pelos seus crimes

Cada vez mais isolado, Bolsonaro em articulação com seus aliados do Centrão, busca uma saída desse tipo como tentativa desesperada, caso a aventura golpista que vem articulando contra o processo eleitoral não tenha êxito, porque percebe que seu isolamento aumenta cada vez mais, inclusive no empresariado. As ameaças contra a urna eletrônica e a eleição também servem, como bem desenhou a cartunista Laerte, como moeda de troca para o futuro político e a proteção de Bolsonaro e sua família.

Bolsonaro precisa urgentemente ser derrotado, mas também precisa pagar pelos seus crimes. É inaceitável que um fascista genocida permaneça à solta, conspirando contra o país em conjunto com seus filhos, depois de quatro anos afundando o povo na miséria e destruindo o meio ambiente.

“O cargo de direito de Bolsonaro não é senador vitalício. É de presidiário, pagando por seus muitos crimes.”

Como muito bem afirmou o deputado pelo PSOL SP, Ivan Valente, “O cargo de direito de Bolsonaro não é senador vitalício. É de presidiário, pagando por seus muitos crimes.” Bolsonaro julgado e preso será uma enorme lição contra o bolsonarismo.

O começo desse ajuste de contas tem data marcada: no dia 11 de agosto, estaremos nas ruas de todo o país para denunciar o golpismo e defender as liberdades democráticas, e também exigir que este governo pague por todos os seus crimes.