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EDITORIAL

Não aceitar intimidação: multiplicar nas ruas a campanha Lula

Editorial

O terrível assassinato do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Garanho, em Foz do Iguaçu (PR), é expressão da intolerância política de um extremista. E, mais do que isso, é  resultado da estratégia fascista de Jair Bolsonaro.

É possível que Garanho tenha praticado o crime político por conta própria, de forma isolada. Mas sua ação hedionda apenas se explica como parte da violência política propagada cotidianamente por Bolsonaro. Não por acaso, antes do assassinato de Arruda, houve diversas ações contra eventos da campanha de Lula, como a explosão de uma bomba com fezes na Cinelândia (RJ), semana passada.

A escalada de violência do bolsonarismo tem dois objetivos principais no curto prazo. O primeiro é provocar medo generalizado, especialmente entre as pessoas de esquerda, impedindo que a campanha de Lula ganhe as ruas mobilizando multidões. O segundo é tentar criar um clima de caos no país às vésperas das eleições, propiciando um cenário mais favorável a eventuais ações golpistas.

Bolsonaro sabe que Lula tem grandes chances de vencer nas urnas, mesmo com a aprovação da PEC inconstitucional que aumenta e cria benefícios sociais a três meses das eleições. Além disso, é consciente do enorme potencial de mobilização da campanha do petista. Em razão disso, desesperado, aciona desde já a política golpista com características fascistas, de modo a tentar aterrorizar o país.

O povo nas ruas é a melhor resposta 

O maior perigo para a esquerda é deixar se intimidar pelas ameaças da extrema direita, recolhendo-se em casa e esperando passivamente a votação em 02 de outubro. Essa é a receita para a derrota, pois abriria caminho para o domínio das ruas pelo bolsonarismo, que avançaria livremente em sua campanha golpista.

Quando mais gente a esquerda mobilizar, quanto mais pessoas encherem os atos da campanha de Lula nas cidades, mais seguros estaremos. Demonstrando força mobilizada, coragem política e unidade para lutar, estaremos mais protegidos e em melhores condições de assegurar a vitoria nas eleições.

Nesse sentido, são corretas as orientações que Lula transmitiu no ato de Brasília nessa terça (12): com todos os cuidados de segurança e sem aceitar provocação, é preciso reforçar a mobilização, mantendo e enchendo ainda mais de gente os atos de campanha.

A violência não é culpa da “polarização”

A grande imprensa e políticos que se reivindicam de “centro” constróem a narrativa de que os atos de violência são consequência do ambiente de polarização política. Denunciam Bolsonaro corretamente, mas atribuem certo grau de responsabilidade a Lula e ao PT pelo contexto de violência política. Também Ciro Gomes, num lamentável papel, faz ecoar o discurso que responsabiliza os “dois lados”.

Há apenas um lado patrocinando a violência política e fazendo uma campanha abertamente golpista: o do bolsonarismo. Vale que lembrar que o fascismo não é somente uma ameaça à esquerda, ainda que a esquerda seja o alvo principal, mas também a todos setores que não se curvam a ele, mesmo que forem da direita liberal.

Já está muito atrasada uma resposta contundente de todos segmentos políticos e institucionais que afirmam defender as liberdades democráticas e estão contra a campanha golpista de Bolsonaro contra o sistema eleitoral. O último absurdo é a disposição do Ministério da Defesa de montar um esquema de apuração paralela controlada pelos militares.

O incentivo à violência política por Bolsonaro é inseparável da campanha golpista de questionamento das urnas eletrônicas. É preciso que o Ministério Público, a Polícia Federal e o Judiciário ajam com celeridade e rigor nas investigações e punições ao bandos bolsonaristas que se organizam pelo país visando o tumulto do processo eleitoral e a prática de atos violentos. Nenhuma liberdade aos inimigos das liberdades!

 A esquerda deve organizar a autodefesa diante do fascismo

Alimentando a estratégia fascista, o bolsonarismo estimula o armamento de seus seguidores e o ódio político contra a esquerda, os movimentos sociais, feminista, negro, indígena e LGBTQI. A ação assassina de Jorge Garanho é um exemplo típico da prática fascista.

Diante das ameaças bolsonaristas, a esquerda e os movimentos sociais devem organizar sua segurança coletiva, desenvolvendo instrumentos de autodefesa. Não devemos provocar nenhum ato violento, ao contrário. Mas precisamos estar preparados para se defender diante de eventuais ataques bolsonaristas.

Lutar e vencer nas urnas e nas ruas!

A maioria do povo está contra Bolsonaro e quer eleger Lula presidente para acabar com o atual governo da morte e da fome. Fortalecendo uma campanha com muita gente nas ruas, vamos assegurar a vitória nas urnas, lutando para ganhar já no primeiro turno, e derrotar as ameaças golpistas.

Os próximos meses serão palco de uma batalha histórica contra o fascismo no Brasil. A luta não será fácil e sem riscos. É preciso cuidado e atenção, mas também coragem e mobilização. Em nome de todas e todos que foram vítimas de Jair Bolsonaro, venceremos!

Marcelo Arruda, presente! Hoje e sempre!