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BRASIL

Permanência de presidentes da Petrobrás no governo Bolsonaro é a terceira pior da história

Observatório Social do Petróleo
Roberto Castello Branco, Joaquim Silva e Luna, José Mauro Ferreira Coelho e Caio Paes de Andrade
Reprodução

A média de permanência dos presidentes da Petrobrás no governo Bolsonaro é a terceira pior da história desde a criação da estatal, em 1953. O tempo médio de duração de um executivo à frente da empresa, nesses últimos três anos, é de 10 meses. O governo atual só perde para as gestões de João Goulart e Fernando Collor de Mello, que não terminaram seus mandatos, com permanência média no comando da Petrobrás de 9 meses e 6 meses, respectivamente.

O levantamento foi feito pelos cientistas políticos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e apresentadores do podcast Maldita Politicagem, Alessandro Tokumoto e Luiz Domingos, em parceria com o Observatório Social do Petróleo (OSP). A análise aponta ainda que o período de maior estabilidade na permanência de presidentes da Petrobrás foi durante o governo Lula, com duração média de 48 meses. O segundo maior tempo foi registrado no mandato de João Baptista Figueiredo, com média de 36 meses. No governo de Juscelino Kubitschek, os presidentes da estatal ficaram no cargo, em média, por 30 meses.

Dança das cadeiras

Desde o início do governo Bolsonaro já houve três trocas de presidentes da Petrobrás. Roberto Castello Branco foi o primeiro a tomar posse, em janeiro de 2019. Deixou a estatal em abril de 2020, sendo substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, que permaneceu por um ano na presidência. José Mauro Ferreira Coelho foi nomeado em abril passado e ocupou o cargo por pouco mais de dois meses. Em seu lugar, entrou Caio Paes de Andrade.

“Essa dança das cadeiras parece mais um casuísmo da instabilidade da gestão de Jair Bolsonaro e a ‘briga’ que ele comprou com a estatal em razão da elevação recorrente dos preços dos combustíveis”, afirma Domingos. De acordo com ele, a instabilidade na direção da empresa parece obedecer a um padrão mais estrutural. “Quando o governo adota uma política liberal e orientada para o mercado, cresce a instabilidade no comando da empresa”, avalia.

Pode piorar

Tokumoto ressalta que a média de permanência na presidência da Petrobrás no governo atual pode cair ainda mais se Bolsonaro perder as eleições e Caio Paes deixar a função em janeiro próximo. “Neste caso, o novo presidente terá passado apenas 6 meses ocupando o cargo, fazendo com que Bolsonaro empate com o governo de João Goulart”, diz ele.

Segundo o economista do OSP, Eric Gil Dantas, essa troca constante no comando da Petrobrás mostra a crise por qual passam a estatal e o país. “E isso acontece em um momento no qual a empresa deveria ser a solução. A Petrobrás foi criada para garantir a soberania energética do Brasil, o que seria possível hoje com o pré-sal e o nosso parque de refino. Deveríamos estar discutindo a criação de novas refinarias para garantir a estabilidade da economia brasileira, e não trocando de presidente a cada 10 meses”, afirma Dantas.

Para saber mais sobre o Observatório Social do Petróleo, acesse nosso site: https://observatoriopetroleo.com/