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BRASIL

Três exemplos da violência política e do desespero bolsonarista: Não conseguirão nos intimidar!

Bomba no ato com Lula, ataques a juiz e ao jornal Folha de S. Paulo mostram escalada da violência e exigem respostas

da redação

André Stefano Dimitriou Alves, responsável pelos ataques ocorridos na Cinelândia, usava adesivos de Lula e Freixo para se disfarçar na multidão

A pouco menos de 90 dias das principais eleições presidenciais desde o fim da ditadura, a violência política tem se tornado cada vez mais a tônica na disputa. Só nestes dois últimos dias ocorreram pelo menos três eventos que, apesar de parecerem iniciativas do tipo “lobo solitário” e sem relação entre si, são o evidente resultado de um contexto de acentuação da violência, do autoritarismo e do golpismo promovidos por Bolsonaro e seu gabinete do ódio.

1 Atentado com arma de fogo na redação da Folha de São Paulo

Na noite de quarta-feira, 6, o prédio do jornal Folha de São Paulo, no bairro de Santa Cecília, sofreu um atentado com arma de fogo. Uma das janelas da redação, situada no quarto andar do prédio, foi atingida por um projétil que, felizmente, não atingiu ninguém.

Os advogados do jornal registraram Boletim de Ocorrência e as investigações estão em curso desde a tarde da última quinta-feira, 07, através do 77º Distrito Policial.

Contudo, mesmo que este incidente ainda não tenha sido elucidado, não surpreenderá a muitas pessoas se o responsável pelo disparo for, eventualmente, algum bolsonarista, movido pelos constantes ataques que Bolsonaro faz à imprensa, a exemplo do ataque a um jornalista da Rede Globo em Brasília.

2 Atentado contra juiz responsável pela prisão do ex-ministro Milton Ribeiro

O juiz Renato Borelli decretou em junho as prisões de Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, e de dois pastores apontados como responsáveis pelo esquema de corrupção conhecido como “Gabinete Paralelo do MEC”. Desde então ele teria recebido ameaças, que partiriam de apoiadores do ex-ministro. Nesta quinta-feira, 07, quando guiava seu veículo próximo de casa, em Brasília, Borelli teve o vidro da frente de seu carro atingido com fezes, ovos e areia. O juiz conseguiu dirigir mesmo assim e escapou ileso, comunicando o caso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Ninguém foi preso.

3 Terrorismo bolsonarista no ato com Lula na Cinelândia

Mesmo com o forte esquema de segurança, necessário diante das ameaças golpistas, o ato ocorrido na noite deste dia 7, na Cinelândia, foi marcado por um incidente grave. Um homem usando adesivos do PT lançou uma bomba caseira por cima do tapume, atingindo algumas pessoas, e provocando correria. O artefato continha líquido com esgoto, com forte cheiro, e bombas, que explodiram sem atingir ninguém. O agressor, André Stefano Dimitriou Alves de Brito, 55 anos, que disse ser da Muzema, local controlado por milícias, foi identificado pelo público logo após o atentado na Cinelândia e correu para se entregar a policiais. Ele foi autuado pelo crime de explosão, que prevê pena de prisão por até seis anos.

Segundo o portal Metrópoles, de maneira informal, o acusado teria dito na delegacia que não possuiria inclinação política ou ideológica e que teria jogado o explosivo como “forma de protesto devido a uma polarização ideológica que prejudicaria o futuro do país”. Trata-se de discurso ensaiado, pois lançar uma bomba sobre as pessoas está longe de ser um caminho para protestar contra a polarização.

Responder os ataques do bolsonarismo com mais mobilização

Esses ataques aqui relatados mostram a gravidade da situação política pela qual passa o país, pois são parte da escalada de violência política do bolsonarismo nas eleições e vêm na esteira de outros ataques a atividades da pré-campanha, como o lançamento de dejetos por um drone em ato com Lula em Uberlândia (MG), de ataques a parlamentares LGBTQIA+ e das constantes ameaças ao processo eleitoral.

A vanguarda das lutas sociais de todo o país deve estar em estado de alerta e responder mantendo na rua a pré-campanha de Lula, através de atos cada vez mais expressivos, como o que ocorreu na Cinelândia, que isolem Bolsonaro cada vez mais.

Afinal, o objetivo destas ações criminosas é intimidar a militância, criando clima de medo e temor entre os apoiadores, para que deixem de participar dos atos de rua. Com ações orquestradas como essa, querem nos impor o medo, enquanto desfilam em motociatas e avançam em iniciativas golpistas. Trata-se, antes de tudo, de um gesto de desespero, pois sabem a força que tem a militância nas ruas, em campanha. Sem nos deixar tomar por qualquer tipo de pânico, os ataques devem ser respondidos a altura e os atos, como o do Rio de Janeiro, devem ser realizados sempre com forte esquema de segurança.

Ao mesmo tempo, os partidos de esquerda (PSOL, PT, PCdoB) e todos as legendas que defendem a democracia devem usar sua presença no parlamento para cobrar uma investigação profunda, que garanta não apenas a prisão dos autores, mas aponte possíveis envolvidos e os mandantes dos atentados, que não são atos isolados.