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MOVIMENTO

A luta estudantil contra a PEI em São Paulo: Secundaristas entram em cena

Nycolle Beatriz* e Mariana Raspante**

Desde o ano passado a implantação da PEI (Programa de Ensino Integral)  vem sendo um dos assuntos mais debatidos nas escolas estaduais, por se tratar de um projeto do governador João Doria e do ex-secretário Rossieli Soares para atacar a educação pública estadual.

A PEI atrapalha a vida dos estudantes, em especial dos que trabalham para sobreviver, já que muitos estudantes trabalham durante o dia e estudam à noite. Além disso, na prática, a PEI significa o fim do ensino noturno e das EJAs (Educação de Jovens e Adultos).

Infelizmente, o movimento estudantil organizado, em especial a UBES, ficou calado diante desses ataques. As poucas brigas contra o governo que ocorreram foram organizadas pelos professores da APEOESP.

Uma escola de Suzano (SP) deu o exemplo do que devemos fazer. No dia 07/06, estudantes, pais e professores da escola estadual Batista Renzi se mobilizaram para um protesto com a finalidade de barrar o projeto PEI nesta escola. A pressão da luta teve efeito, a votação permitida apenas aos pais teve 571 (95,2%) dos votos contra a PEI no Batista Renzi e no dia seguinte o conselho de escola também optou por se posicionar contra a PEI.

Sabemos que as escolas estaduais não têm os requisitos para atender com qualidade os estudantes. Escola não pode ser um depósito de pessoas. Em geral, somos silenciados no dia a dia das escolas porque somos estudantes secundaristas. A votação no Batista Renzi é a prova disso, já que a “fala” dos alunos precisaria no mínimo ser representada por uma votação dos estudantes.

Seguimos no aguardo de uma resposta da Secretaria da Educação e a decisão da diretora do E.E Batista Renzi para enfatizar a posição de toda a comunidade escolar do Batista Renzi.

Os estudantes secundaristas não irão se calar diante desse programa que explora os professores, segrega alunos e destrói a educação pública.

Pedimos aos estudantes secundaristas que montem grêmios livres e combativos, sem a participação de professores e da escola. Vamos lutar por nossos direitos e reconstruir o movimento estudantil secundarista, com ou sem as entidades que hoje deveriam nos representar.

*Presidenta do Grêmio Marielle Franco
**Estudante do ensino médio da escola Batista Renzi