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Sem prognósticos corretos é impossível elaborar uma política revolucionária!

Lula
DW

Paulo Pasin

Paulo Pasin é metroviário aposentado do Metrô de São Paulo (SP) e ex-presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários).

A quatro meses da eleição presidencial está se confirmando a previsão de que a classe trabalhadora vê na candidatura do ex-presidente Lula o melhor instrumento eleitoral para derrotar o fascismo e as ameaças golpistas. Diante de tanta dor, de tanto sofrimento, de tanta miséria, de tantos direitos suprimidos, de tanta barbaridade, as trabalhadoras e os trabalhadores parecem estar convencidas(os) de que é preciso eleger Lula para virar a página terrível da nossa história.

Acertaram os que previam que a classe trabalhadora e a juventude assumiriam a candidatura Lula, apesar das justas críticas à aliança com Alckmin. Nahuel Moreno, em “O Partido e a Revolução”, destaca a importância de se estabelecer um prognóstico correto para a elaboração de uma política, que satisfaça os anseios da classe trabalhadora. Assim escreveu: “Quando Trotsky disse que ‘dirigir é prever’ estava afirmando que sem prognósticos corretos sobre o futuro imediato da luta de classes é impossível elaborar uma política revolucionária. Para lográ-lo, o marxista faz uma análise objetiva da situação da luta de classes baseando-se no arsenal teórico acumulado pelo movimento operário em mais de cem anos de luta, que é o marxismo-leninismo- trotskismo.

Quando alguém abandona essa tradição teórica e prática cai, inevitavelmente, em análises, previsões e linhas políticas incorretas”.

Se aplicado esse pensamento à realidade brasileira atual, concluímos que  o PSOL captou o sentimento da vanguarda da classe e adotou uma posição realista e responsável quando, após intenso e acalorado debate, concluiu que deveria apoiar Lula para enfrentar o perigo que representa a reeleição do Bolsonaro.

No mesmo livro citado, Moreno alerta para a centralidade da luta contra o fascismo: “Trotsky não se cansava de assinalar que todos os governos burgueses não são iguais. Que era preciso distinguir cuidadosamente os distintos tipos que existem e identificar possíveis lutas entre bandos da burguesia. Insistia que, diante de sintomas de avanço fascista, se deveria assinalar para os trabalhadores que a tarefa mais urgente é combatê-los à morte, por todos os meios. Para ele, é necessário medir conscientemente se existe força suficiente para derrubar o governo e tomar o poder, ou se, ao contrário, é preciso unir os trabalhadores em lutas defensivas”.

No Brasil atual , infelizmente ainda não conseguimos derrotar o fascismo. É unânime na esquerda a avaliação de que houve uma inflexão positiva na conjuntura política com o enfraquecimento do Bolsonaro, porém, não o suficiente para derrubá-lo. Dessa forma, não podemos subestimar o inimigo, pois está evidente que o bolsonarismo continua vivo, com uma base social coesa e bastante mobilizada.

Por esta razão, acertadamente, até mesmo correntes do PSOL que anteriormente defendiam candidatura própria estão reconhecendo a importância de unir forças para derrotar esse catastrófico governo, se possível no primeiro turno.

Sabemos que a batalha será nas urnas e nas ruas. Mesmo porque existe uma relação dialética entre a disputa ideológica, de consciência, do processo eleitoral e a ação direta da classe. É um grande equívoco achar que o resultado eleitoral não incide na realidade política do país. Quanto mais isolado e desgastado Bolsonaro, mais distante ficará dos seus objetivos golpistas e mais confiante estará nossa classe na luta pelos seus direitos e em defesa das liberdades democráticas.

O PSOL se empenhará na campanha Lula, sem abrir mão de sua identidade, sem esconder suas bandeiras, dialogando com os setores de esquerda, com os movimentos populares, de juventude, movimento negro, de mulheres, LGBTQIA+ e os povos originários para construir um bloco de esquerda que impulsione o programa pela revogação do legado do golpe e por mudanças estruturais. Essa é aúnica maneira de assegurar emprego e vida digna para os trabalhadores, soberania nacional, educação, saúde, moradia, esporte, cultura, lazer, preservação do meio ambiente, respeito aos direitos humanos e a diversidade.