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BRASIL

Sobre minha pré-candidatura ao Senado

Luciana Boiteux, do Rio de Janeiro, RJ

Minha história com o PSOL começa em 2016 quando, alguns meses depois de filiada, fui convidada para ser candidata a coprefeita com Marcelo Freixo numa campanha empolgante e feminista que levou o PSOL a um inédito segundo turno na disputa para a Prefeitura do Rio. Sempre pautei minha atuação partidária na militância feminista, na defesa da ampliação da participação das mulheres na politica e na luta contra todas as formas de violência de gênero.

Sempre acreditei e continuo acreditando no partido, que se consolidou na defesa do socialismo e que finca suas raízes no debate programático, no front das lutas anticapitalistas, na articulação e fortalecimento dos movimentos sociais e na definição de nosso lugar na luta de classes. Ao longo desses 17 anos de existência, o PSOL veio se afirmando igualmente como o partido que incorporou de forma central o feminismo popular, antirracista e os direitos LGBTQIA+ em seu programa, que foi ganhando novos elementos de acordo com leituras fundamentais para a construção de uma sociedade radicalmente diferente da que temos hoje. Considero a pauta das opressões interseccionadas como estruturante para a superação do capitalismo. Nesse sentido, o fortalecimento de quadros, parlamentares e figuras públicas que tratam essas questões de forma transversal é uma conquista para um olhar mais aprofundado sobre a exploração da classe trabalhadora. Essa perspectiva merece ser fortalecida e foi por conta dessa construção que coloquei meu nome à disposição do partido para a construção de uma pré-candidatura ecossocialista, feminista e antirracista ao Senado, no momento em que o PSOL acertadamente abriu mão de ter candidatos próprios ao Executivo federal e estadual.

Apoio as candidaturas de Lula e Marcelo Freixo com a certeza de que são as melhores alternativas diante do avanço da extrema direita, diante da urgência de derrotar o neofascismo e avalio como um erro político do PSOL, o maior partido da esquerda do Rio de Janeiro, se retirar dos debates majoritários de forma tão precipitada, sem realizar os debates internos, com movimentos sociais e aliados. Uma candidatura ecossocialista e feminista ao Senado seria a oportunidade de colocarmos nosso programa de forma ampliada para toda a sociedade.

Lamento o açodamento do partido na composição que se dá logo após a pesquisa que apresenta um empate técnico entre minha candidatura, a de André Ceciliano (PT) e Molon (PSB), em especial diante da fragilidade da pré-candidatura apoiada pelo partido. Como única mulher colocada para um cargo majoritário é inevitável não ver uma violência de gênero neste processo, com o mesmo roteiro de sempre: exclui-se de imediato as mulheres, deixando-se de abrir espaço de escuta e debate interno na base. Nunca participei de nenhuma mesa de negociação, nem me foi dada a oportunidade de realizar qualquer debate com o pré-candidato do PSB, partido que possui posições programáticas bem diversas às do PSOL.

Por fim, esclareço que não retirei minha candidatura e que mantenho meus compromissos com as lutas, a militância feminista e a base do PSOL, seguindo à disposição do partido para novas tarefas, em especial caso sua decisão seja revista, diante da fragilidade da pré-candidatura escolhida. Estarei sempre ao lado daqueles e daquelas que querem derrubar as estruturas de opressão e exploração do capitalismo e quero agradecer a todas, todos e todes pelo carinho e apoio nesse processo e que continuam acreditando na minha militância e representatividade.

Seguirei na luta escossocialista, feminista, antirracista e anti-LGBTfóbica para além das eleições, mas faço questão de atuar ainda em 2022 no apoio a candidaturas feministas e na defesa do programa do PSOL, em especial, pelos direitos das mulheres, que inclui a pauta da Justiça Reprodutiva, a luta contra o feminicídio e contra as diversas formas de violência contra as mulheres, inclusive a violência política de gênero. E tenho muito orgulho de reafirmar: Feminismo é revolução! Seguimos juntas.