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EDITORIAL

Quatro medidas emergenciais para combater a inflação e a fome

Editorial
Reprodução

A inflação não para de subir, chegando a 12,13% no acumulado anual em abril. Os que mais sofrem com isso são os trabalhadores e os mais pobres. Tudo está mais caro. Sobretudo os alimentos, o gás de cozinha, a energia e os combustíveis, que subiram muito acima da inflação oficial. A luta diária de milhões de brasileiros é para não passar fome.

Bolsonaro é o principal culpado por essa situação terrível. A política econômica do governo favorece apenas grandes fazendeiros, empresários e banqueiros, enquanto mães de família estão na fila do osso nos mercados.

Apresentamos neste editorial quatro medidas emergenciais para combater a inflação e a fome. Consideramos que é de grande importância que a campanha de Lula defenda essas propostas em benefício da classe trabalhadora e dos mais pobres.

1 – Congelamento dos preços dos alimentos da cesta básica

O Brasil é o terceiro mais produtor de alimentos do mundo e o segundo maior exportador. O país é que mais produz soja, café e açúcar. Tem o maior rebanho bovino, o terceiro maior suíno e quarto maior de frango. É o terceiro maior produtor de frutas. Além disso, o país tem uma expressiva e diversificada indústria de alimentos.

Mas, apesar de produzir tanta comida, 116,8 milhões brasileiros estão atualmente em situação de insegurança alimentar. 43,4 milhões (20,5% da população) não contam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estão passando fome (insegurança alimentar grave). 

Isso se explica porque boa parte da produção agrícola do país vai para a exportação. Apenas uma parte menor é destinada ao mercado interno. E os preços praticados aqui no Brasil seguem os preços internacionais dos principais produtos agrícolas. 

Por exemplo, se o preço do milho, do café, do açúcar, da carne e da soja sobem em dólar no mercado mundial também sobem no Brasil, mesmo com o custo da produção em real. Os grandes empresários do agronegócio embolsam fortunas com isso, enquanto o povo brasileiro paga a conta salgada no mercado. 

Para combater a inflação dos alimentos e colocar comida na mesa do trabalhador, é necessário que o governo federal decrete o congelamento imediato dos preços dos alimentos da cesta básica. Para evitar eventual perigo de desabastecimento, é preciso também ordenar o estabelecimento de uma cota fixa obrigatória aos produtores para o abastecimento seguro do mercado interno a preço justo.

2 – Redução do preço do gás, dos combustíveis e da energia elétrica

O preço dos combustíveis e do gás disparou no país. Por exemplo, em 5 anos, o preço da gasolina subiu 66% e o salário mínimo, 27%. Essa elevação absurda é resultado da política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobrás, adotada pelo governo Temer e mantida por Bolsonaro. Essa diretriz faz com que os valores praticados no Brasil acompanhem os preços internacionais.

Acontece que o país produz e refina em território nacional boa parte do que consome. O custo da produção é em real. Mas o preço da venda é em dólar. Assim, a Petrobrás tem lucros recordes (R$ 44,5 bilhões só no primeiro trimestre desse ano), beneficiando os acionistas estrangeiros, enquanto tudo fica mais caro no país.

É necessário acabar com a PPI da Petrobras para diminuir imediatamente o preço dos combustíveis e do gás. A empresa precisa garantir um preço para o mercado interno correspondente ao seu custo de produção no país. Para evitar qualquer perigo de desabastecimento, é fundamental que a Petrobras retome urgentemente investimentos na área de refino, para que o país tenha plena autossuficiência na oferta dos produtos acabados. Apenas uma Petrobras estatal a serviço do país pode efetivar esse plano.

Mas não explodiu apenas o preço dos combustíveis. Em 2021, a inflação da energia elétrica foi de 21,21%, mais do que o dobro do IPCA do ano. Por isso, é preciso que o governo determine a redução do preço da energia para as famílias brasileiras. Para isso, é fundamental que a Eletrobrás não seja privatizada.

3 – Aumento salarial para todos trabalhadores para repor perdas

Os grandes empresários repassam a inflação aos preços dos produtos para preservar seus lucros bilionários. E os trabalhadores, como ficam? Em 2021, 70% dos reajustes salariais ficaram abaixo da inflação.

A situação não é melhor para os trabalhadores do setor informal ou para aqueles que trabalham para aplicativos (como UBER, IFOOD e outros). O valor que recebem pelos serviços prestados não acompanha a alta dos preços.

Vale notar que a classe trabalhadora teve sua renda diminuída ao longo da pandemia. O desemprego aumentou, as novas contratações foram com salários menores e a maior parte das vagas abertas é em trabalhos precários e em tempo parcial, muitas vezes sem carteira de trabalho assinada. Nunca o endividamento das famílias foi tão elevado.

Nada é mais justo, portanto, que os trabalhadores tenham seus salários e rendimentos do trabalho reajustados, no mínimo, pelo índice da inflação. Assim, poderão recuperar parte do poder de compra perdido.

Essa é uma medida essencial para o combate à carestia e para a reativação da economia nacional. Não por acaso, várias categorias de trabalhadores estão em greve ou em mobilização por reajuste salarial e PLR.

A necessidade de reajuste salarial vem junto com a luta pela revogação da Reforma Trabalhista, que apenas gerou mais desemprego e empobrecimento dos trabalhadores.

4 – Aumento do valor do Auxílio Brasil e do salário mínimo

O projeto de Bolsonaro é o da miséria e o da fome. Cerca de 28 milhões de pessoas estão vivendo abaixo da linha de pobreza no país — cinco milhões a mais do que em 2019. Ou seja, têm renda familiar per capita inferior a R$ 155 por pessoa. Quase de 12 milhões de trabalhadores estão desempregados. A estimativa do IPEA é de que há 221 mil pessoas em situação de rua no país, sendo 22 mil apenas na capital paulista. 

A inflação é especialmente cruel para os mais pobres, porque do pouco que se ganha quase tudo vai para a compra de alimentos e para o pagamento do aluguel. Com a alta nos preços, muitas famílias têm que escolher entre colocar comida na mesa para os filhos ou ter um teto para morar.

Para diminuir o impacto da inflação para a população mais pobre, é fundamental o reajuste imediato do Auxílio Brasil para R$ 600,00. Além disso, é importante haver reajuste dos valores de todos benefícios e programas sociais dos governos federal, estaduais e municipais.

Vale destacar também a necessidade de aumento do valor do salário mínimo. O último reajuste do governo sequer cobriu as perdas da inflação de 2021. Defendemos aumento emergencial de pelo menos 10% do salário mínimo.

Lula precisa de um programa de esquerda para derrotar Bolsonaro

Para derrotar Bolsonaro nas urnas e o golpismo nas ruas, Lula precisa de uma campanha com mobilização e um programa de esquerda que dialogue com as necessidades do povo trabalhador e da juventude. Nesse sentido, o PSOL apresenta 12 propostas para reversão do legado do golpe e transformação social, econômica, ambiental e democrática do país.

Não será agradando as elites econômicas, como quer Geraldo Alckmin, que vamos derrotar o fascismo e transformar o país. Será com a luta e a organização das maiorias sociais que venceremos a extrema direita e construiremos um novo Brasil. Vamos com Lula para derrotar Bolsonaro, mas mantendo a defesa de um programa de esquerda em defesa da classe trabalhadora, dos oprimidos e da juventude.

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fome / inflação