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MOVIMENTO

A maior greve da história e os desafios dos metroviários de Belo Horizonte

Categoria suspende greve e permanece mobilizada

Gilmere Lebasi e Pablo Henrique, de Belo Horizonte, MG
Pablo Henrique

Em assembleia no último dia 30 de abril, que decidiram pela suspensão do movimento, os metroviários e metroviárias de Belo Horizonte já somavam a marca de 42 dias de greve. Com isso, ultrapassaram sua maior greve até então, ocorrida em 2012 e que havia durado 38 dias.

Sem respostas concretas, a categoria tem resistido bravamente aos ataques sofridos pelo governo e pela mídia, que mais uma vez, tentam jogar a população contra os trabalhadores com mentiras infundadas e calúnias: de senador indo à rádio dizendo que há programas de demissão voluntária até especulações falsas sobre os motivos da greve e sobre a realidade salarial da maior parte dos empregados. Enquanto proliferam mentiras, os funcionários seguem sem respostas concretas sobre o que os espera caso a empresa venha a ser privatizada.

Outro ataque foi o boicote das empresas de transporte contra a greve e a população. De forma covarde, as linhas tiveram as viagens reduzidas durante o movimento, e na sexta-feira, dia 29, os empresários deram mais um golpe na população reduziram em mais 20% a frota de ônibus da cidade. Esse foi um dos elementos que mais pesou para a suspensão, dessa greve que já se tornou histórica.

Luta pelo emprego e contra descontos

 Após esse longo período de paralisação parcial, o que se sabe, até agora, é de uma reunião em que a empresa pretende chamar o sindicato na próxima semana para conversar sobre os empregos, porém ainda não há muitas informações e nem certeza de que existirá, realmente, esforços e boa vontade para garantir que os trabalhadores tenham alguma segurança frente à transferência já anunciada para a empresa criada para a transição e, posteriormente, diante da vencedora do leilão.

Por estes motivos, os trabalhadores do metrô seguem, após a suspensão da greve, mobilizados à espera de uma negociação justa com o governo federal para que seus empregos tenham alguma garantia e se mostram dispostos, após bater o recorde da maior greve já existente, a seguir aprofundando, ainda mais, esse movimento, sem medo das retaliações e ameaças; como o corte já anunciado nos salários – serão descontados de uma única vez os 18 dias da greve de dezembro de 2021 mais os 42 dias da greve atual essa greve totalizando 60 dias de descontos. Nesse momento o papel do conjunto da categoria é lutar para a suspensão desse novo ataque.

A grande demonstração de coragem e persistência de uma categoria que se mantém mobilizada há tanto tempo, mesmo diante do descaso, ameaças e da demora por respostas satisfatórias vindo de quem deveria estar preocupado em resolver essa situação. Só demonstra o heroísmo da categoria que mais do que nunca precisa nesse momento contar, além das suas forças, com a solidariedade do conjunto da classe trabalhadora.