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A era do deboche

Bolsonaro
Poder360

Chico Alencar

Chico Alencar é professor de História graduado pela UFF, mestre em Educação pela FGV e doutorando na UFRJ. Tem 30 anos de experiência na política institucional, já tendo sido Deputado Federal por quatro legislaturas. Ganhou nove vezes o prêmio de “Melhor Deputado” do site Congresso em Foco e foi escolhido por jornalistas o parlamentar mais atuante do Brasil. Chico Alencar foi eleito em 2022 com 115.023 votos pelo PSOL-RJ para mais um mandato de Deputado Federal.

Eles debocham do povo brasileiro, cada vez mais. Enquanto isso, o botijão de gás chega a quase 10% do salário mínimo e a inflação foi de 12,03% nos últimos 12 meses, a maior desde 2003!

Debocham da democracia quando um deputado condenado por 10 votos a 1, no colegiado do STF, recebe a “graça” autocrática e inédita do chefe do Executivo, em claro desvio de finalidade.

Debocham do Parlamento quando o PTB indica esse mesmo deputado condenado para 5 comissões da Câmara, entre elas a de Constituição e Justiça, justamente a que zela pelos princípios legais que o truculento tanto agride.

Debocham da Educação quando o 4º ex-ministro da pasta, pastor Milton Ribeiro, tem sua arma de fogo disparada no aeroporto, colocando em risco dezenas de pessoas. Uma pistola block, antes exclusiva das Forças Armadas, cuja comercialização foi flexibilizada por Bolsonaro. Arma cujo porte o ministro da Educação – que devia ter apego a livros, não a balas mortais – solicitou quando no cargo.

Debocham da fé religiosa quando pastores, entre orações e pregações exaltadas, pedem propina (até em ouro e aquisição de Bíblias!) para liberar recursos do MEC.

Debocham de todos nós quando fazem um convescote no Palácio do Planalto em “homenagem” ao deputado quebrador da placa de Marielle e da Carta Magna, com a presença das bancadas da bala e “evangélica” – essa turma que ama mais ao dinheiro do que a Deus.

Debocham da Justiça Eleitoral quando, naquela festa de poderosos tenebrosos, o ex-capitão ainda presidente pede que as Forças Armadas fiscalizem as eleições – o que não é sua atribuição. E, no enredo da narrativa golpista, ataca o sistema eletrônico de votação e o ministro Barroso, ex-presidente do TSE.

Mas esses agentes políticos do horror são tão falastrões que acabam por debochar de si mesmos. Em ato falho – conceito freudiano para se referir a uma fala reveladora de desejo ou crença inconsciente – Bolsonaro afirmou que… “TEMOS UM CHEFE DO EXECUTIVO QUE MENTE!”. Enfim, o imperador do terror disse uma verdade…

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