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MUNDO

Contra Le Pen e as políticas liberais, resposta social e antifascista!

NPA - Nouveau Parti Anticapitaliste (Novo Partido Anticapitalista) | Tradução: Bruno Rodrigues

“A revolução será antirracista ou não será”. Foto: Photothèque Rouge/Martin Noda/Hans Lucas

Assim como em 2017, Macron e Le Pen se elegeram para o segundo turno eleitoral. A extrema direita, incluindo Zemmour, responde por um terço dos votos, e Le Pen pode ganhar a eleição. Uma ameaça sem precedentes contra as liberdades democráticas, contra as populações de origem imigrante, para super-explorar os trabalhadores.

Seu discurso pseudo-social é uma mentira: ela é contra os aumentos salariais, e os amigos da extrema direita são os grandes empresários como Bolloré [1].

Como em 2002, a melhor resposta contra a extrema direita é a mobilização em massa da classe trabalhadora, dos explorados e de todos os oprimidos.

Nenhuma confiança em Macron

Não podemos confiar em Macron para combater a extrema direita. A ascensão da extrema direita, de Le Pen e Zemmour, é o resultado de seu governo! Quando ataca as condições de vida dos trabalhadores e desempregados, quando caça, com Darmanin [2], migrantes e sans-papiers [3], quando estigmatiza os muçulmanos, quando reprime manifestações violentamente, como as dos Gilets jaunes (Coletes Amarelos)… dá confiança aos reacionários, enquanto as classes populares estão desmoralizadas, divididas, passivas.

Em 2002, manifestantes entre os dois turnos eleitorais gritavam “20 anos de políticas anti-sociais, é 20% para a Frente Nacional”. Vinte anos depois, a situação piorou. Os partidos da ordem, PS e LR, estão em desordem. Ninguém se arrepende deles, mas é necessário construir uma alternativa.

Tomemos as tarefas em nossas mãos

Todas as tendências combinadas, a esquerda está como em 2017 em um patamar baixo (menos de um terço dos votos totais), mas a votação em massa para Jean-Luc Mélenchon encarna um voto popular, que o mundo do trabalho é capaz de se erguer. A divisão, a recusa de Mélenchon em discutir com outras correntes (particularmente o PCF com o qual se apresentou nas eleições anteriores) o privou do segundo turno.

Através da candidatura de Philippe Poutou [4], queríamos afirmar que é mudando a correlação de forças do poder, nas lutas, que podemos mudar o mundo, não por meio de instituições feitas sob medida para os poderosos. Agradecemos aos eleitores que optaram por votar em nosso candidato, um trabalhador demitido, alguém que se assemelha a eles. Sabemos também que muitos outros se reconheceram nesta candidatura mas preferiram votar em Mélenchon, na esperança de “votar útil”.

Mobilização geral!

As próximas semanas devem ser marcadas pelas manifestações mais massivas possíveis contra a extrema direita e as políticas liberais e autoritárias que a alimentam. Em unidade, vamos construir a mobilização nos bairros populares, nos locais de trabalho, entre os jovens, onde for possível.

Os próximos meses serão difíceis e, mais do que nunca, precisamos unir nosso campo social e suas organizações para enfrentá-lo. Toda a esquerda social e política – sindicatos, associações, coletivos ambientalistas, antirracistas, feministas, LGBTI e forças políticas – deve se reunir para discutir possíveis iniciativas para mudar a situação, contra a extrema direita, contra a futura reforma previdenciária e por salários. Também precisamos de uma esquerda combativa, para construir um partido para as mobilizações e romper com o capitalismo. É necessário e urgente.

*Este texto não representa, necessariamente, a posição editorial do Esquerda Online. Somos um portal aberto às polêmicas da esquerda socialista.

**Tradução: Bruno Rodrigues

Notas da Tradução 
[1] Vincent Bolloré: Bilionário francês, CEO do grupo de investimentos Bolloré.
[2] Gérald Darmanin: Ministro do interior da França.
[3] Sans-papiers: Assim são chamados nos países ricos da Europa, os trabalhadores imigrantes sem documentação.

[4] Philippe Poutou é um operário demitido pela Ford, sindicalista e foi candidato à presidência pelo NPA nas últimas eleições.