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BRASIL

Troca na direção da Petrobras: mudar para manter tudo igual

da redação
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Governo indicou José Mauro Ferreira Coelho como novo presidente da Petrobras

Não é a primeira vez que Bolsonaro troca um presidente ou um ministro, com o objetivo de deixar tudo como antes. O general Joaquim Silva e Luna entrou na Petrobras justamente para isto. À época, Bolsonaro fritou o presidente Roberto Castello Branco, um ultraliberal do naipe do Paulo Guedes, para tentar preservar seu resto de popularidade diante de novos aumentos nos preços dos combustíveis. Agora foi a vez do próprio general rodar.

Demitindo o presidente da estatal ele tenta passar para sua base que está “combatendo” o aumento de preços, e que é contra o PPI. Ao mesmo tempo nomeia alguém em que o mercado confia, para garantir a manutenção da política de preços da companhia.

O Plano A seria a nomeação de Adriano Pires, conhecido economista que presta consultoria para empresas privadas e associações patronais do setor de petróleo, gás e combustíveis. Mas por conta do flagrante conflito de interesses entre Pires e a Petrobras, denunciado inclusive pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas da União, acabou desistindo.

O Plano B para a presidência da estatal veio com o desconhecido José Mauro Ferreira Coelho, químico com passagens pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo Ministério de Minas e Energia e pela PPSA, estatal responsável pelo pré-sal. Assim como todos os seus antecessores, Coelho é um defensor da atual política de preços – o Preço de Paridade de Importação (PPI), e as privatizações da companhia.

Mas se José Mauro Ferreira Coelho defende a mesma política do general Silva e Luna, por que mudar? Meramente jogo de cena. Afinal, como mostrou a pesquisa Quaest/Genial Investimentos publicada na semana passada, para os brasileiros, o principal responsável pelo aumento dos preços dos combustíveis no país é o presidente Jair Bolsonaro (24% dos respondentes o apontaram como principal responsável). Demitindo o presidente da estatal ele tenta passar para sua base que está “combatendo” o aumento de preços, e que é contra o PPI. Ao mesmo tempo nomeia alguém em que o mercado confia, para garantir a manutenção da política de preços da companhia.

Mercado avança cada vez mais

A grande derrota foi indiscutivelmente o avanço dos minoritários na composição do Conselho. Até agora, a União detinha 7 membros, os minoritários 3 e os empregados 1 (Rosangela Buzanelli). Mas com a nova ofensiva dos minoritários, o número de representantes subiu para 4, tirando um da União (que ficou com 6). Na última eleição, em 2020, os acionistas minoritários já tinham avançado de 2 para 3 membros no Conselho.

Na prática, isto aumenta o poder de o mercado fazer barulho contra qualquer política que não seja estritamente para encher seus bolsos. Este movimento tem como principal nome José João Abdalla Filho, bilionário brasileiro que está pressionando constantemente a estatal e o governo para manter o PPI e assim gerar garantir mais lucros para alimentar sua fortuna.