Há dois anos sem reajuste salarial, a auto organização dos trabalhadores atropelou a direção pelega do sindicato e enfrentou a empresa.
Os trabalhadores exigem reposição de 30%, aumento da PLR, a volta do plano de saúde, aumento do vale-alimentação para R$ 800, bônus extra no Natal, equiparação salarial, implementação de plano de cargos e salários, estabilidade no emprego e pagamento dos dias parados.
Mas a empresa, por meio do Acordo Coletivo, data base em 1º de maio, está oferecendo 8,1% de reajuste aos empregados com salário de até R$ 3.000,00 e aos que recebem acima de R$ 3.000,00, apenas 5%.
Início da luta
Tudo começou com os trabalhadores da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), em Congonhas (MG), que estão numa forte luta por PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e reajuste salarial. Eles estão em greve há 12 dias e protestam contra a falta de abertura para negociação por parte da direção da empresa.
A paralisação atraiu a atenção de trabalhadores de outras unidades da CSN. Em Volta Redonda (ES), os metalúrgicos também iniciaram paralisações e mobilizações.
Na última quinta-feira (07/04), os trabalhadores de Volta Redonda realizaram assembleia. A empresa chegou a proibir – como nos tempos da ditadura – a reunião na porta da empresa, mas eles juntaram-se dentro da empresa, fizeram a assembleia e decidiram entregar pauta de reivindicações em passeata no final da tarde na sede do Sindicato. Houve paralisação espontânea de cerca de 50 operadores do setor de manutenção da Usina que encerrou o turno às 15h.
A FNP, através do Sindipetro-RJ, participou da passeata organizada pela Oposição sindical. Durante todo o percurso da passeata, a palavra de ordem foi “não vai ter votação”. É que o Sindicato não mobilizou a categoria e marcou para esta sexta (08) a votação (por voto secreto!) da proposta apresentada pela empresa. A orientação da Oposição é de votar “Não”.
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Nesta segunda-feira (11/04), trabalhadores demitidos, que compõem a Comissão de Base, não baixaram a cabeça e convocaram trabalhadores a fortalecer a paralisação.
Nos últimos dois anos, o patrimônio da empresa teve um crescimento superior a 300%. No ano passado, o lucro chegou a R$ 13,6 bilhões.
Essa paralisação dos metalúrgicos no Rio de Janeiro junta-se a outras que acontecem pelo Brasil, como a dos petroleiros terceirizados no GASLUB e a dos garis, que já teve um desfecho.
Proposta da empresa
O sindicato pelego de Volta Redonda colocou a proposta da empresa em votação secreta. Mas, o tiro saiu pela culatra. Cerca de 6.060 operários votaram não à proposta de acordo coletivo apresentada pela direção da empresa. Somente 39 votaram sim e houve três votos em branco e três nulos.
Foram 99,3% dos votos dizendo não à proposta de 8,1% para os que recebem até 3 salários mínimos e 5% para os que recebem acima desse valor. Além de colocar o voto em urna, faziam questão de mostrar o não. Isto porque o percentual apresentado sequer cobre a inflação dos últimos 12 meses (10,74%) e está muito longe dos 30% exigidos pelos trabalhadores e que igualaria as perdas salariais dos últimos três anos.
Há dois anos a categoria não recebe reajuste salarial, período em que a empresa e acionistas obtêm lucro recorde.
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