Em defesa de uma candidatura própria do PSOL ao Senado no Rio de Janeiro


Publicado em: 3 de abril de 2022

Brasil

Resistência do Rio de Janeiro

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Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

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Vivemos no Brasil um momento de enorme dificuldade para a maioria da população. Encarecimento da vida, fome, evasão escolar, destruição ambiental, milhões em luto pelas suas perdas na pandemia. A situação do país já vinha em ampla deterioração desde o golpe de 2016, e com a ascensão da extrema direita o cenário se agravou ainda mais. O PSOL, nesse contexto, se afirmou como um refúgio daqueles e daquelas que almejam as profundas transformações que precisamos, sendo um partido que está ao lado dos movimentos sociais e das lutas populares. No Rio de Janeiro, base do bolsonarismo e das milícias, a importância do seu fortalecimento é ainda maior, na afirmação de que outra realidade é possível e na construção das resistências. 

Estamos agora em um momento decisivo das escolhas da disputa eleitoral deste ano. Diversas movimentações são noticiadas todos os dias pela imprensa, e a discussão sobre quem irá representar as posições políticas do nosso estado ocupa o dia a dia do debate público. Nesse contexto, vemos também a saída de companheiros e companheiras das fileiras partidárias no estado, em apostas que desconsideram a centralidade da independência de classe na construção de uma alternativa política de esquerda. Essas movimentações refletem a complexidade do momento em que vivemos. Apesar de um momento de reconfigurações de localizações políticas, acreditamos que o PSOL segue sendo um partido necessário e fundamental, uma vez que seu histórico é de estar ao lado das reivindicações da classe trabalhadora e juventude, sem ceder às pressões por sua docilização frente ao capital. 

Não à toa, o partido foi o único que ganhou filiados em 2021, mantendo o seu ritmo de crescimento, enquanto todos os outros 35 partidos registrados no TSE apresentaram saldo negativo. Assim, de janeiro a setembro do ano passado, a legenda ganhou 1.300 filiados, atingindo 220 mil pessoas em suas fileiras. Essa força se mostrou no último congresso nacional, com a participação de 50 mil pessoas nos espaços que elegeram sua nova direção e afirmaram as resoluções políticas para enfrentar o próximo período. Da mesma forma, na última eleição, em 2020, o PSOL cresceu 50% nas Câmaras Municipais das capitais em todo o Brasil. 

Os resultados eleitorais e de filiação do PSOL são um reflexo de uma construção ampla nas lutas e no trabalho de base, das diversas organizações que compõem este instrumento coletivo. É o partido que enfrentou diretamente as milícias, com ampla repercussão nacional e internacional, ao lado de Marcelo Freixo, na ocasião em que exercia o cargo de Deputado Estadual pela legenda. Foi também a escolha de nossa camarada Marielle Franco, que construiu anos a fio seus espaços coletivos. É, afinal, o instrumento que mantém viva as esperanças de inúmeras pessoas na superação das injustiças sociais e de toda forma de opressão, um abrigo para socialistas e aqueles e aquelas que querem transformações nas raízes de nossas estruturas. E junto com movimentos e entidades da classe, sua militância enche as ruas de todo o Brasil no enfrentamento ao neofascismo e pelos nossos direitos. É importante salientar, nesse aspecto, que não acreditamos que a extrema direita se vence apenas nas eleições, sendo fundamental o enfrentamento cotidiano para derrotar a política nefasta que possibilitou Bolsonaro ser o presidente do país. No entanto, sabemos que essa disputa faz parte das muitas camadas da luta social, e este ano viveremos um momento fundamental para expressar a indignação da população com esta política de morte que nos governa, e mudar as representações no poder atualmente colocadas. 

No Rio de Janeiro, vivemos um momento extremamente defensivo. Apenas no ano de 2021, a polícia assassinou no estado 1354 pessoas, mesmo diante da decisão do STF de restringir as operações policiais durante a pandemia, o que dá uma média de 3,7 pessoas assassinadas por dia pelo poder público no estado em um ano.  Também neste ano de 2021, foram 61 chacinas no Grande Rio, o que nos revela que a Chacina do Jacarezinho não foi um ponto fora da curva, mas é a regra do tratamento da negritude das favelas pelas instituições de segurança. Nesse contexto, o assassinato de Marielle e Anderson e a não resolução do caso até hoje revelam o quanto o crime e o poder caminham juntos no Brasil.

Os problemas sociais se somam no estado. As milícias agem na especulação imobiliária e destruição ambiental. Na região serrana vivemos novos episódios de desastre com as chuvas, enquanto na Baixada Fluminense a falta de água é crônica. Vivemos também a precarização e constante ameaça de privatização de nossos bens e serviços públicos, como foi o caso recente do avanço da apropriação de nossa água, com a venda da CEDAE.

Diante desse quadro, acreditamos que é necessário expressar nas eleições os posicionamentos acumulados no interior do partido e em conjunto com os movimentos sociais. Uma campanha que expresse a luta dos trabalhadores e trabalhadoras pelos nossos direitos, contra a carestia e o desemprego; pelas mulheres, na coletivização do trabalho doméstico e de cuidado, valorização de sua obra, contra a violência e a cultura do estupro; pelo meio ambiente e justiça ambiental; por políticas de memória, verdade e justiça; pela valorização da comunicação e cultura popular; contra o genocídio da população negra e o encarceramento em massa; pelo direito das pessoas LBGTIA+ expressarem seu afeto, viverem sua sexualidade e identidade de gênero. 

Acreditamos que será um momento fundamental para disputar os corações e mentes, e alcançar mais espaço nas estruturas de representação em conjunto com um fortalecimento geral dos instrumentos dos trabalhadores e trabalhadoras. Para isso, acreditamos na importância de sermos coerentes com os enormes desafios que se apresentam, fazendo as mediações necessárias para tal, mas sem perder de vista a necessidade da afirmação de nossa história e nossas posições. Em coerência com essa leitura, defendemos que o PSOL lance uma companheira para a disputa ao Senado no Rio de Janeiro, que seja uma referência perante o ascenso de mulheres que vivemos nos últimos anos e que seja uma referência nas lutas da classe e por direitos humanos. 

Em uma candidatura que defenda nosso programa no Senado, com uma chapa de peso para as candidaturas estaduais e federais, com a militância do PSOL e dos movimentos sociais, vamos juntos enfrentar a extrema direita e os ataques às nossas conquistas. É tempo de afirmar nossas posições, e crescer juntos com a resistência que aflora na esperança da mudança. 


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