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BRASIL

Refinaria privatizada vende gasolina 38 centavos mais caro do que a Petrobrás

Observatório Social da Petrobrás
Divulgação

A gasolina na Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, teve o sexto aumento do ano no sábado (26/03), de 3,7%, e subiu para R$ 4,24. O litro é vendido por 38 centavos a mais do que nas refinarias da Petrobrás, uma diferença de 10%. O valor também ultrapassa em 28 centavos o PPI (Preço de Paridade de Importação) do Porto de Aratu (BA), que é a referência para a importação de combustíveis na região.

O reajuste do diesel S-10 foi ainda maior, de 12,5%. O litro saltou para R$ 5,07, uma diferença de 56 centavos acima do preço da estatal (12,4%) e 40 centavos mais caro do que o PPI de Aratu.

O levantamento é do Observatório Social da Petrobrás (OSP), organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), baseado em informações da Acelen, gestora da Refinaria de Mataripe, Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).
Dados da ANP mostram que nas últimas duas semanas (14 a 18 e 21 a 25 de março), ou seja, antes do último reajuste da Acelen, Mataripe já vendia gasolina mais cara do que os preços da paridade de importação do Porto de Aratu, que fica 25,7km distante da refinaria.

Segundo a Abicom, ao longo desta semana, após o último aumento da Acelen, a gasolina e o diesel S-10 na Bahia se mantiveram acima do PPI. No dia 31 de março, a gasolina estava 7% superior à paridade de importação e o diesel, 9%.

Análise do Observatório Social confirma que Mataripe continua sendo a recordista da gasolina e do diesel mais caros do Brasil, em relação às refinarias da Petrobrás. No comparativo com a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim (MG), a unidade da estatal que cobra os preços mais altos, a gasolina da Acelen custa 30 centavos a mais e o diesel S-10 é 43 centavos mais caro. Na média deste ano, a diferença do preço da gasolina da Acelen com a da Petrobrás é de 24 centavos e do diesel, 16 centavos.

Preços mais altos

O cenário de preços elevados dos combustíveis no país deve permanecer, de acordo com o economista do Observatório e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), Eric Gil Dantas. E a previsão é que os preços aumentem ainda mais com a troca do presidente da Petrobrás. “Indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro, o economista Adriano Pires é muito próximo do setor privado de petróleo, gás e combustíveis. Isso nos leva a crer que as demandas dessas empresas, como o alinhamento mais fiel ao PPI (Preço de Paridade de Importação), por exemplo, ganhem mais força, gerando novos reajustes”, afirma.

Dantas argumenta ainda que a mudança no comando da Petrobrás, diferente do discurso que o governo tenta passar ao povo brasileiro, não vai resolver o problema da escalada dos preços dos combustíveis. “Essa troca de presidente não acontece para rebaixar preços. Muito pelo contrário, já que o novo indicado tem um alinhamento ainda maior com o PPI e a política de privatizações da companhia. Mataripe já nos mostra de forma clara os efeitos da privatização da Petrobrás. É fato que a venda das refinarias aumentará ainda mais o preço dos combustíveis em todo o país”, conclui o economista.