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BRASIL

O que o exemplo das empresas de ônibus de BH tem a nos ensinar sobre a privatização do transporte?

Gilmere Lebasi*, de Belo Horizonte, MG
Divulgação / Prefeitura de Belo Horizonte

Em meio à greve dos metroviários, cujo objetivo é a manutenção dos empregos frente às ameaças que os trabalhadores vêm sofrendo, empresas responsáveis pelo transporte rodoviário de Belo Horizonte contrariam orientação da BHtrans de aumentar o número de viagens e reduzem, em média, 29 viagens por dia já na primeira semana do movimento. Com isso, e com o aumento de passageiros durante a greve, as mesmas empresas aumentam seus lucros frente à necessidade da população em se locomover para seus trabalhos, escolas e afazeres, transformando o transporte público, que deveria ser um direito, em oportunidade de lucro para empresários do ramo e piorando, ainda mais, a mobilidade urbana.

O ex-prefeito Alexandre Kalil, que em 2016 ganhou a eleição e seu primeiro mandato prometendo “abrir a caixa preta da BH trans”, nada fez para atender as demandas de transporte da capital e agravou a crise de mobilidade já existente, negociando aumentos exorbitantes da tarifa, que hoje já está em R$ 4,50 e com tentativas, por parte das empresas, de chegar a R$ 5,75, usando de chantagens através da descontinuação de várias linhas. 

Ao mesmo tempo, os donos dessas empresas usaram de seu poder e dinheiro para tentar comprar antecipadamente vacinas da Covid-19, passando por cima, mais uma vez, da população belorizontina.

Neste cenário, podemos perceber que o transporte visto como mercadoria e marcado por conchavos políticos não é capaz de atender, de forma digna, os cidadãos que necessitam se locomover pela cidade, pois o mesmo desampara a população nos momentos nos quais deveria prestar, com mais veemência, um serviço de qualidade. É necessário reconstruir a ideia do transporte como direito social, com tarifas e horários que atendam à população, sem chantagens ou conchavos que impeçam a melhoria da qualidade e sem a visão mercadológica do lucro sobre o serviço essencial de mobilidade urbana.

*Metroviária.