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MUNDO

Na Colômbia, mulher negra será vice do candidato favorito à presidência

Francia Márquez, mulher negra, vai compor a chapa com o principal candidato a presidente da esquerda colombiana

David Cavalcante, de Recife
Gustavo Petro e Francia Márquez
FOTO CORTESÍA/ El Colombiano

No domingo, 13 de março, ocorreu a primeira rodada das eleições nacionais na Colômbia. Foram eleitos os Senadores e os Deputados. Três frentes políticas também realizaram suas prévias para escolher seus candidatos a presidência da república colombiana: Pacto Histórico (esquerda), Centro Esperança (centro-esquerda) e Equipe por Colômbia (direita).

As três coalizões partidárias bem como os demais partidos que não realizaram prévias disputarão o 1° turno presidencial em 29 de maio. As prévias serviram também para testar a popularidade e adesão aos pré-candidatos presidenciais dentro e fora das coalizões.

Gustavo Petro foi o candidato mais votado dentro da frente de esquerda, denominada Pacto Histórico, mas também conquistando o 1° lugar de todas as coalizações que realizaram prévias, alcançando 4.495.831 votos, sendo o vencedor interno com 80,50% entre 5 nomes que se postularam.

Mas uma das pré-candidatas que disputou internamente dentro Pacto Histórico foi Francia Márquez, alcançando o 2° lugar com 785.215, 14,05%. Mulher negra, advogada, ativista das causas afrocolombianas e dos direitos humanos, Márquez se projetou como uma das lideranças dos movimentos sociais que participaram das gigantescas jornadas de lutas que ocorreram na Colômbia entre 2019 e 2021. As temáticas raciais serão um dos pontos centrais na campanha presidencial deste ano, visto que também haverá pelos menos mais 3 chapas com a participação de negros e negras.

Com tal composição e com os bons resultados obtidos pela esquerda e centro esquerda para o Congresso, podendo somar pelo menos 36% no Senado e 25% na Câmara, considerado o melhor resultado até então. E que as organizações sociais que empunharam as pautas que deram origem às épicas mobilizações sociais dos últimos dois anos não foram derrotadas, poderá haver uma vitória eleitoral inédita da esquerda nas presidenciais que se avizinham ao redor da candidatura de Gustavo Petro e Francia Márquez.

A decisão de Petro em compor com uma mulher negra, num país que historicamente é dominado pelo conservadorismo e pela direita pró-imperialista, uma legítima porta voz dos movimentos negros e populares é extremamente simbólico e alentador. Deveria servir de exemplo ao PT do Brasil, visto que o pré-candidato Lula e a Direção do PT optaram por um caminho inverso, buscando um vice-Presidente que sinaliza não para inspirar mais segurança e alento aos movimentos sociais e sim para afiançar que o grande capital não deve ter medo da vitória de Lula.