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BRASIL

Não ao gabinete paralelo no MEC. O ministro Milton Ribeiro tem que cair!

Bruno Rodrigues*, de Fortaleza, CE

“Minha prioridade é atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”. Esse é um trecho de um áudio do Ministro da Educação, Milton Ribeiro, vazado recentemente pelo jornal Folha de São Paulo.

O Áudio revela a arquitetura de um esquemão de distribuição de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para obras em creches e escolas municipais a partir de pedidos negociados pelos pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura. Na prática, estaria instalado dentro do Ministério da Educação um verdadeiro gabinete paralelo que opera para a satisfação de interesses de aliados do presidente, em troca de apoio político. 

Escute o áudio:

“É tudo com o Gilmar”

Na prática, estaria instalado dentro do Ministério da Educação um verdadeiro gabinete paralelo que opera para a satisfação de interesses de aliados do presidente, em troca de apoio político. 

Esses dois pastores, que não exercem qualquer cargo no governo, não atuam na gestão da educação pública e não têm nenhuma competência pedagógica para intervir na área, contudo, têm circulação livre no gabinete do ministro e nos corredores do Planalto para exercer lobby com verbas públicas do MEC, pondo em xeque até mesmo o que resta de laicidade do Estado brasileiro.

Segundo uma reportagem recente do Estadão, ambos os pastores atuam nesse esquema há pelo menos 15 meses, chegando a participar de 22 agendas oficiais no MEC, incluindo reuniões “de alinhamento político”, chegando até mesmo a acompanhá-lo em algumas de suas viagens em voos da FAB.

Ambos atuariam sob orientação expressa e direta do próprio bolsonaro, como fica claro no áudio do ministro, que diz que se trata de um “pedido especial que o presidente da república fez para mim”.

Vale lembrar que, no orçamento aprovado para esse ano, o Ministério da Educação perdeu R$739,9 milhões, sendo que, desse valor, R$499 milhões seriam destinados ao próprio Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e R$38,3 milhões seriam destinados para ações de reestruturação e modernização de universidades, bem como para ações de fomento na graduação, pós-graduação, ensino, pesquisa e extensão.

O que deixa nítido quais são as verdadeiras prioridades desse governo.

Milton Ribeiro tem que cair!

Nós que defendemos a educação pública, queremos o orçamento do MEC para contratar professores, para garantir a assistência estudantil de estudantes pobres que conseguiram acessar o ensino superior, para investir na pesquisa científica, ampliar escolas, contratar professores, e não para irrigar o feudo de coronéis da fé popular e oportunistas apoiadores de bolsonaro.

Milton Ribeiro, que está sendo processado pelo PGR por crime de homofobia e que já afirmou que a universidade pública deveria ser “para poucos”, agora se vê implicado em um escândalo que tem fortes indícios de improbidade administrativa, crime de responsabilidade e tráfico de influência. Mas Bolsonaro, famoso por suas cínicas bravatas contra os supostos “professores doutrinadores” e que se elegeu surfando na farsa do “kit gay”, também tem que se explicar.

Partidos de esquerda, como o PSOL, já estão tomando providências através do TCU e do MPF para que esses áudios sejam investigados e o ministro preste esclarecimentos.

Milton Ribeiro e seu gabinete paralelo no MEC têm que cair!

 

*Por Bruno Rodrigues, professor, membro do diretório estadual do PSOL-CE e colaborador do Esquerda online

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