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BRASIL

Não ao aumento da passagem de ônibus em Belém!

Will Mota*, de Belém (PA).
Reprodução/Agência Belém

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel) está fazendo uma campanha pública nos grandes meios de comunicação em defesa do aumento do valor da passagem de ônibus na cidade. A patronal do transporte alega que o último reajuste, de 25% no preço do Diesel por conta da guerra na Ucrânia, inviabiliza a continuidade dos serviços. Os mafiosos do Setransbel querem tarifa acima de R$ 5,00 ou subsídio público para financiar parte dos custos de uma planilha altamente questionável.

Na verdade, essa “campanha” nada mais é do que uma chantagem sobre a Prefeitura e sobre a população de Belém, pois há muito tempo que os usuários do serviço têm constatado a crescente redução da frota por parte das empresas e uma piora significativa na qualidade do serviço. A imprensa noticia todos os dias casos de ônibus em que chove mais dentro do que fora, falhas mecânicas e acidentes por falta de manutenção (barra de direção quebrando, eixo dos pneus se desprendendo em movimento, etc.) e um agravamento do problema da superlotação.

A passagem em Belém custa R$ 3,60 desde maio de 2019, porém a qualidade do serviço não é condizente com esse valor. E todas as vezes em que os empresários prometeram melhorias a partir do aumento da tarifa, tudo só piorou.

a Prefeitura de Belém deve enfrentar a chantagem da máfia do Setransbel, congelando a tarifa e revisando as concessões das atuais empresas. 

O iminente colapso do sistema atual deve servir para a Prefeitura de Belém convocar a população, especialistas no tema e os demais poderes para rediscutir profundamente o modelo de gestão e financiamento do Transporte Público da cidade, porque esse modelo atual já demonstrou estar falido. Só quem se beneficia são os empresários e só quem é prejudicada é a população e os trabalhadores rodoviários.

Transporte Público é direito constitucional e não mercadoria. Assim como a saúde e a educação públicas, deveria ser garantido gratuitamente pelo Estado para a população. Alguns municípios do Brasil, como Maricá (RJ), já conseguiram avançar para ter tarifa zero.

De maneira imediata, enquanto organiza debates públicos e democráticos sobre o modelo de gestão e financiamento do Transporte Público da cidade, a Prefeitura de Belém deve enfrentar a chantagem da máfia do Setransbel, congelando a tarifa e revisando as concessões das atuais empresas.

Também é necessário avançar rapidamente na diversificação dos modais de transporte para diminuir a dependência do modal rodoviário. Criar linhas de lanchas rápidas que façam o transporte da população das ilhas (Outeiro, Mosqueiro, etc.) para o centro de Belém e ampliar a malha de ciclovias e ciclofaixas são medidas emergenciais que podem diminuir o sofrimento da população.

Os estudantes e trabalhadores não podem seguir pagando pela crise. O governo Edmilson Rodrigues deve convocar e mobilizar o povo de Belém para enfrentar a chantagem dos empresários e iniciar um amplo processo de discussão e reestruturação do sistema de transporte da cidade.

*Militante da Resistência/PSOL