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MUNDO

O que está em jogo nas eleições da Colômbia deste domingo

Povo colombiano elege novo Congresso e realiza prévias presidenciais

David Cavalcante, de Recife, PE

Seguindo os ventos chilenos, desde as jornadas de lutas de 2019, quando eclode a Greve Geral de novembro, havia se aberto uma nova relação de forças naquele país com um forte protagonismo da classe trabalhadora organizada e setores sociais aliados, como os movimentos indígenas, juventudes e movimentos dos setores oprimidos. Lembremos:

“…2019 entrará para a história colombiana e latino-americana a emergência da nova agenda política pautada pelas dezenas de organizações dos trabalhadores, camponeses e indígenas na Colômbia. A direita reacionária dirigida principalmente pelo uribismo já vinha perdendo força desde as eleições regionais e municipais de outubro, onde inclusive na Capital, Bogotá, foi eleita a primeira mulher lésbica como prefeita, Cláudia Lopez, com um programa de centro-esquerda e ambiental, mas o mês de novembro de 2019, aberto com a Greve Geral do 21N, de fato transforma Bogotá e as ruas das principais cidades daquele país em verdadeiros caldeirões humanos de protestos, bloqueios e marchas populares”.

As jornadas de lutas se refletiram nos dois anos seguintes e houve novo ápice de protestos em maio de 2021, que transbordaram o chamado das centrais sindicais de uma nova greve geral em 28 de abril, no âmbito do agravamento da crise econômica e social com a pandemia. As jornadas colombianas não conseguiram derrubar o governo de Ivan Duque que foi um dos principais aliados da sustentação dos projetos do governo imperialista de Donald Trump na América Latina, mas conseguiram barrar temporariamente as reformas neoliberais, apesar da violenta repressão, com dezenas de mortos e centenas de feridos.

Neste ano, seguramente terá importância o resultado do calendário eleitoral cuja possibilidade de vitória da esquerda é real e vem sendo indicada pelas principais pesquisas que sinalizam a dianteira de Gustavo Petro para o primeiro lugar, no primeiro turno. Ex-prefeito de Bogotá, que foi dirigente do movimento guerrilheiro M-19 e atual senador da República, Petro foi a figura pública de esquerda que mais saiu fortalecido das jornadas de mobilizações.

O que está em jogo

São quase 39 milhões de eleitores. O calendário inicia neste domingo, 13, com a eleição do Congresso da República, composto por  total de 296 parlamentares, sendo 108 senadores (100 da circunscrição eleitoral nacional, 2 do representantes indígenas, 5 representantes do processo de paz e 1 da oposição) e 172 deputados (incluindo 2 por circunscrição especial afrodescendente, 1 por circunscrição especial indígena, 1 colombiano no exterior e 1 pela oposição), além dos novos 16 assentos transitórios criados para os territórios de paz (circunscrições das vítimas dos conflitos armados).

Neste domingo, também ocorrerão as eleições primárias para escolha dos candidatos presidenciais que disputarão o 1o turno em 29 de maio. Os três principais candidatos melhor posicionados nas pesquisas que disputam as prévias são: Gustavo Petro, que disputa internamente dentro da frente Pacto Histórico (mais à esquerda) e tem aparecido em 1o lugar das intenções gerais de votos; Sergio Fajardo, tenta se garantir como alternativa a Petro pela frente Coalizão Centro Esperança (centro-esquerda) e Federico Gutiérrez que disputa internamente dentro da frente da direita, Equipe por Colômbia.

Acompanharemos com atenção as eleições neste importante país da América Latina que tem sido palco de importantes batalhas políticas, mas ainda é dominado pelas forças uribistas, a direita reacionária e latifundiária, associada ao paramilitarismo. A Colômbia pode ser considerada o Estado com maiores vínculos de relações com o imperialismo na região desde o Plano Colômbia e agora como Estado títere dos Estados Unidos na OEA e no Grupo de Lima que se formou para desestabilizar a Venezuela. Além dos históricos acordos militares com as forças de segurança norte-americanas.

Após a vitória das esquerdas no Chile, colombianos e colombianas também poderão canalizar suas revoltas populares dos últimos três anos, votando em candidatos mais identificados com suas pautas sociais que são justamente as que ainda não se efetivaram devido a um congresso dominado pela direita e as negativas do governo neoliberal de Ivan Duque, serviçal do grande capital e dos interesses gringos. E, ao mesmo tempo, seguir avançando em sua organização para garantir suas pautas, através da mobilização, diante de um governo de esquerda ou de direita.

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Referências

Centrais sindicais da Colômbia realizam uma greve geral nesta quarta, 28, contra a reforma tributária do governo Duque

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