1. Vivemos tempos de muitas opiniões, de excesso de informes e escassez de informações confiáveis. Informações confiáveis não são as que parecem “neutras” ou assim se pretendem, mas as que explicitam suas posições e as debatem com franqueza. Mais do que opiniões e posições de divulgação, precisamos estudar e socializar esses conhecimentos, por mais difíceis e complexos que pareçam. Supor que as massas são incapazes é uma das maiores fraquezas dos bem intencionados (aqueles dos quais o inferno está cheio).
2. As esquerdas marxistas são pequenas e divididas. Sua posição hoje, no mundo e no Brasil contemporâneos, tem pouco peso no conjunto da opinião. Em parte pois desconfiamos da capacidade popular de compreender os processos históricos complexos e aderimos à prática de opinar muitas vezes de maneira acelerada, para marcar posição. A maior razão do nosso pouco peso na opinião, entretanto, é a massa de meios de comunicação que nos sufoca diariamente mas que, de tempos em tempos, recolhe nossas “opiniões” para desacreditá-las, quaisquer que sejam. E, finalmente, por adotarmos comportamentos e leituras pragmáticas, ligados a uma realpolitik que só causa danos às massas trabalhadoras.
3. O foco da luta revolucionária contra o capitalismo é contribuir para tornar claro para massas trabalhadoras a cada dia mais heterogêneas que – ainda que muitos o neguem – são elas que criam toda a riqueza. A pandemia mostrou isso à farta. Capital fictício não cria riqueza, cria apenas dívida, expropriação, piores condições de trabalho para as grandes massas, roubo dos fundos públicos, devastação ambiental. O Capital, como o conjunto de suas formas (industrial, comercial, bancário, financeiro, fictício) é um imenso parasita que devora as entranhas de massas enormes de trabalhadores, desigualmente tratados, mas todos explorados e oprimidos.
4. O risco de não fazê-lo é contribuir para o avanço de fascismos de variadas procedências. O fascismo é um clássico falsificador das lutas populares.
5. Nessa guerra que envolve imediatamente Ucrânia, RússIa e OTAN (isto é, EUA prepotente e em crise, e Europa submissa), nossas considerações não devem começar pela geopolítica, mas pela análise das condições das classes trabalhadoras lançadas a uma carnificina. Precisamos contribuir com elas para desvendar as posições de suas classes dominantes, para que possam romper o espesso véu da desinformação.
6. A defesa da democracia envolve defender posições conquistadas, como os direitos que vêm sendo extorquidos, mas exige criticar o horror que supostas “democracias” congeladas, abertamente em curso de fascistização, vêm impondo às massas trabalhadoras. Quaisquer que sejam sua cor de pele, sua origem nacional e seu sotaque. Só existe democracia se as massas e classes trabalhadoras puderem se organizar e assegurar sua luta primordial em direção à superação do capital. Democracias que bloqueiam as lutas e esterilizam o socialismo não são democracias…
7. Ou há soberania popular e de classe, ou continuaremos a viver sob “países títeres”.
8. Podemos e devemos tomar posição. Mas sabemos que na atualidade a pressa nos coloca no terreno geopolítico, e ele é mau conselheiro, por tomar os países em “bloco” e desconsiderar as relações de classes. Parece-me mais correto expor claramente as questões e as contradições em curso.
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