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MOVIMENTO

As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo precisam convocar marchas contra a guerra!

Gibran Jordão
DW

Manifestações em várias cidades da Europa contra a guerra e em solidariedade ao povo ucraniano

A guerra que começa nesse momento no leste europeu é produto de disputas geopolíticas, no qual em especial a OTAN, e seu expansionismo bélico, é um dos principais responsáveis pela desestabilização da região. A OTAN é uma aliança militar intergovernamental fundada em 1949, baseada no Tratado do Atlântico Norte como uma articulação encabeçada pelos EUA e países da Europa para se defenderem de qualquer possível ação da União Soviética, num período chamado Guerra Fria. 

Após a dissolução da União Soviética nos anos noventa, a Otan não só continuou existindo, como também foram estabelecidas suas primeiras ações militares; ampliou a adesão de países membros expandindo para o leste europeu próximo a Rússia e recentemente definiram por regra de seus países membros, o investimento mínimo de 2% do PIB em defesa militar. Intervenções militares na Bosnia e Herzegovina, Kosovo, Afeganistão, Iraque, Golfo de Aden, Líbia, Síria entre outros, foram de responsabilidade direta dos países membros da OTAN. 

Não há dúvidas que as ações expansionistas da Otan no leste europeu estão ameaçando militarmente a Rússia e aliados, e a possível adesão da Ucrânia a Otan é inaceitável para o governo russo. Como também está reeditando um clima bélico que ameaça toda a humanidade, já que EUA e Rússia são os países com o maior arsenal de armas nuclear do mundo. E por esse motivo é absolutamente necessário o repúdio contra as ações militares da Otan, que deveriam congelar o avanço de bases militares no leste europeu e desarticular definitivamente tal tratado militar responsável por guerras, crises de refugiados, genocídios e desestabilização de regiões.  

Na outra ponta, Putin com a justificativa de defender povos de etnia russa no leste da Ucrânia, planejou e iniciou uma operação de guerra que já ultrapassou as fronteiras de Donbass. Trata-se de uma agressão covarde a soberania de um país, através de uma operação de ampla escala que já cerca a capital Kiev, com o objetivo de derrubar o atual governo Ucraniano, para retomar o controle do país numa linha pró-Rússia. 

É um grave erro irresponsável legitimar a agressão militar a Ucrânia, as consequências são uma dramática crise de centenas de milhares de refugiados, destruição da infraestrutura do país e já são centenas de mortes de civis.

É um grave erro irresponsável legitimar a agressão militar a Ucrânia. As consequências são uma dramática crise de centenas de milhares de refugiados, destruição da infraestrutura do país e já são centenas de mortes de civis. Sem falar nas consequências que vão reverberar na economia mundial, que poderão causar inflação e escassez de produtos básicos como combustíveis, minérios e alimentos. Putin, por mais razão que tenha contra o expansionismo da Otan, não tem o direito de invadir, agredir e arruinar a vida de trabalhadoras e trabalhadores na Ucrânia. 

Muitos, inclusive na esquerda, justificam esse ataque da Rússia pelo fato de haver neonazistas aliançados com as forças militares ucranianas com apoio da OTAN. É verdade que há um crescimento das células neonazistas na Ucrânia, mas esse é um fenômeno mundial, e tanto nas forças militares ucranianas como russas existem parcerias com grupos e forças paramilitares mercenárias de linhagem nazifascista. Não nos enganemos, a Rússia é um potência regional, e longe de ter algum resquício comunista, Putin sempre apresentou posições políticas alinhadas com a extrema direita, conhecido por oprimir nacionalidades dentro do seu país, no leste europeu e na própria Ásia. Tanto é assim, que por mais de uma vez, Putin já declarou que a Ucrânia não deveria existir enquanto nação soberana e que isso foi uma invenção dos bolcheviques liderados por Lenin. 

Manifestações contra a guerra começam a surgir em todo mundo, vários países na europa registram multidões nas ruas em solidariedade ao povo ucraniano e pedem o fim da guerra. Essas manifestações estão corretas, como foram corretas as grandes mobilizações contra as agressões promovidas pela OTAN contra a soberania de outros países, como Iraque e Afeganistão. Lutar contra a agressão a Ucrânia, não significa apoiar a política do governo Ucraniano, como também não significou apoiar em outros momentos a política de Sadan Hussem ou dos Talibãs. Marchar contra a guerra tem o objetivo de solidarizar com a classe trabalhadora ucraniana e defender a soberania e autodeterminação dos povos. 

Marchar contra a guerra tem o objetivo de solidarizar com a classe trabalhadora ucraniana e defender a soberania e autodeterminação dos povos. 

Essa guerra não trará vantagens para classe trabalhadora da Ucrânia, nem mesmo da Rússia e de nenhum país, além de ameaçar a vida no planeta. Estamos falando da possibilidade de guerra entre nações que possuem arsenal nuclear capaz de extinguir a humanidade em pouquíssimo tempo. Por tanto, é tarefa central das principais direções do movimento de massas no Brasil e no mundo, a convocação de mobilizações contra a guerra! 

As Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo que juntas, tem cumprido um papel de convocar mobilizações no Brasil no último período, não pode expressar uma posição que se confunda com o bolsonarismo que está nesse momento passando pano para Putin. Nem a Otan e nem a Rússia devem ter suas posições legitimadas pela esquerda nesse momento. É Hora de lutar contra a guerra! 

Marcado como:
OTAN / rússia / ucrânia