No último sábado (19), foi lançado no Distrito Federal o novo coletivo de defesa da saúde pública. Fundamentada em princípios anticapitalistas, antirracistas, antiLGBTfobia e feministas, a Coletiva SUS se propõe a ser um espaço de construção plural, enraizado nas ruas e nas redes, trabalhando nas universidades, sindicatos e locais de trabalho para reunir trabalhadores da saúde, usuários do SUS, estudantes, gestores e agentes do controle social na defesa consciente da saúde como direito universal.
Realizada online em razão da alta de casos e óbitos por COVID19 no Distrito Federal, a atividade “O SUS nos defendeu, é a nossa vez de defender o SUS” contou com a presença de parlamentares distritais, militantes de organizações e partidos parceiros da luta em defesa do SUS, entidades do movimento estudantil e diversas pessoas inscritas no evento para conhecer a Coletiva SUS e partilhar do debate acerca da saúde como mais do que ausência de doença, mas a garantia do mais amplo conjunto de direitos fundamentais que oportunizam a vida digna e saudável.
O debate foi feito pela militância que deu o pontapé para o funcionamento da Coletiva SUS, que começou em 2021, diante da necessidade ainda mais pungente de defesa da vida, da ciência e do SUS no contexto de pandemia, alta estatística de casos e mortes por COVID19, intensificação da precarização do trabalho em saúde e sobrecarga do sistema e dos profissionais. A Coletiva SUS está nas redes com o debate político acerca da saúde e do SUS e materiais de educação em saúde; assim como esteve nas ruas, como nos atos antirracistas e pelo Fora Bolsonaro.
A Coletiva SUS compreende que para ter saúde é necessário transformar o mundo.
Na mesa “O impacto da austeridade sobre a saúde pública brasileira”, a enfermeira Lígia Maria, a odontóloga Jeovânia Rodrigues, o enfermeiro Jorge Henrique e as enfermeiras Karine Afonseca e Karoline Souza suscitaram temas como a construção histórica do SUS e suas perspectivas de futuro, o papel do controle social do SUS no combate às medidas de austeridade, os resultados da austeridade na política pública de saúde sobre os trabalhadores, as perspectivas de gênero e saúde e a elaboração antirracista da promoção, prevenção, recuperação e reabilitação em saúde.
A Coletiva SUS compreende que para ter saúde é necessário transformar o mundo. Elaborar uma política pública de saúde não pode prescindir do combate às opressões que submetem às mais diversas violências aquelas pessoas que constituem os 80% da população exclusivamente SUS dependente para a assistência. Além disso, promover e construir saúde só é possível a partir do entendimento de que o sistema capitalista, com sua lógica exploradora que submete a vida de muitos ao lucro de poucos, é incompatível com o cuidado integral e equitativo.
Em tempos de neofascismo, negacionismo e disseminação das mais variadas formas de agressão e opressão às mulheres, às pessoas periféricas, à negritude, às LGBT+ e à juventude, pensar a saúde é um desafio. Estamos diante de um debate eleitoral acalorado, que impõe a quem tem compromisso com a vida a coerência da unidade política para varrer o bolsonarismo do Brasil. Para além de uma tarefa eleitoral, a construção coletiva pela reconstrução do País é essencialmente social e política, alinhada à responsabilidade de não negociar com aqueles que vendem nossos direitos e matam nosso povo, devendo ter como um de seus centros a construção de saúde de forma intersetorial, socialmente enraizada e inexoravelmente equitativa.
Sérgio Arouca, sanitarista brasileiro, quando da elaboração do Sistema Único de Saúde, afirmou: “Saúde é ausência de medo!”. A Coletiva SUS está aberta a todas as pessoas que, com coragem, querem pensar e agir pela garantia da saúde como resultado da elaboração coletiva, democrática e transformadora.
*A Coletiva SUS é um coletivo em defesa da saúde pública, universal, integral e equitativa no DF. Acesse o perfil no Instagram: @coletiva.sus
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