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BRASIL

Negacionismo em Praia Grande (SP) vai da prefeita ao sindicato

Resistência/PSOL Baixada Santista
Reprodução/TV Tribuna

Para alegria de quase toda a internet, que produziu memes quase em escala industrial, Olavo de Carvalho morreu. Mas o seu legado de podridão e de negacionismo segue vivo e um exemplo absurdo disso é o que ocorre em Praia Grande, na Baixada Santista.

Contrariando todas as recomendações dos órgãos de saúde, a prefeita de Praia Grande, Raquel Chini (PSDB), manteve o grande evento da queima de fogos na virada de ano, sendo a única cidade do litoral sul de São Paulo a promover tal irresponsabilidade. Fato que se agrava por ser uma das cidades do país que mais recebem turistas no verão. Para se ter uma ideia, a população pulou de 330 mil habitantes para quase 1,5 milhão na virada.

Não bastasse os fogos no réveillon, para o carnaval arenas estão sendo montadas nas praias, onde serão realizados shows lotados todo final de semana. Com a transmissão da variante Ômicron muito maior, o resultado já salta aos olhos: hospitais de campanha, Prontos Socorros e Unidades de Pronto Atendimento, tanto públicos quanto particulares, lotados. Há relatos de pacientes que aguardam por mais de 5 horas para serem atendidos.

No último dia 25 de janeiro, enquanto Bolsonaro (não menos negacionista) dificultava a liberação das vacinas em crianças de 5 a 11 anos, o Sindicato dos Servidores Públicos de Praia Grande exibia uma Live, no facebook, sobre o tema. Lamentavelmente, a convidada especial, a médica Flávia Augusta de Amorim Veloso, que atua também como delegada de base, estava ali para “alertar” a população e as autoridades de saúde sobre suas próprias impressões a respeito dos efeitos pós-vacina, num verdadeiro esforço anti-vacinação, prestando um real desserviço aos servidores e munícipes, quase uma ‘Nise Yamaguchi de Praia Grande’.

Sobravam motivos para o Sindicato promover uma live em relação à Covid-19. Um deles, exigir melhores condições de serviço para o funcionalismo, sobretudo na saúde, cujos trabalhadores se encontram estafados e adoentados; outro possível, exigir a promessa não cumprida, da prefeita, de pagamento do abono Covid aos servidores da saúde; ou, ainda, para combater as falas de vereadores que colocaram a população contra os servidores da saúde por conta da demora no atendimento, fruto da alta de infectados. A indignação da categoria foi o que garantiu a remoção da live e uma retratação do presidente do Sindicato.

A indignação da categoria garantiu a remoção da live e uma retratação do presidente do Sindicato.

Praia Grande tem mais de 86% de sua população vacinada, o número de óbitos vem caindo, mas infelizmente, e em grande parte por irresponsabilidade da prefeita, teve um salto enorme no número de casos confirmados, sendo de apenas 128 em dezembro de 2021 para espantosos 4.857 casos em janeiro de 2022. Números que, cabe lembrar, não levam em consideração a grande possibilidade de subnotificação de casos, já que há enorme dificuldade de testagem no sistema público de saúde.

E a chance de um colapso do sistema público de saúde não se encerra aí. Com o retorno presencial das aulas, mais crianças e mais trabalhadores estarão em circulação e expostos ao vírus. Certamente, o número de pacientes em filas com longas horas de duração aumentarão. E apesar de todas essas evidências, a prefeita segue fingindo que Praia Grande não vive a pandemia da Covid-19. Com isso, assume o risco de causar a morte de turistas e munícipes.

Assim como ocorreu com o Sindicato, servidores e servidoras da cidade estão na linha de frente do combate à irresponsabilidade da prefeitura, exigindo o respeito às medidas necessárias diante da pandemia e denunciando esse absurdo.