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BRASIL

Comunidade congolesa convoca protesto neste sábado, 05, às 10h, por Justiça por Moïse

da redação
Card com foto de Moise, com efeito de desenho. Ele é um jovem negro, usa bone e tem um pequeno bigode. Ao lado, frases de convocação. "Justiça por Moise" Sábado dia 05 de fevereiro, 10horas

Familiares do jovem Moise Mugenyi Kabagambe, 24, e a comunidade congolesa no Rio de Janeiro convocam um ato público em repúdio ao assassinato e exigindo justiça. O protesto será neste sábado, 05 de fevereiro, às 10h, em frente ao quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca (Posto 8), onde Moise trabalhava de forma precária e foi morto, espancado por um grupo após cobrar pagamentos atrasados. A sessão de espancamento, com golpes de madeira e um taco de beisebol, teve início após a cobrança de R$ 200,00.

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O protesto é o segundo a ser realizado pela comunidade congolesa. No sábado, 29, um grupo protestou com cartazes no mesmo local, exigindo Justiça e apuração do crime, que ocorreu na madrugada do dia 24 de janeiro. Um protesto também teria sido realizado na República Democrática do Congo.

Em 2020, 1.050 congoleses viviam no Brasil como refugiados, fugindo da violência étnica ou religiosa. É o caso de Moise e de sua família, que vieram ao Brasil para não ter o mesmo destino de vários familiares, como uma avó e o pai do rapaz. Em depoimento ao repórter Rafael Nascimento, do jornal O Globo, a mãe de Moise, Ivana Lay, conta que o jovem chegou ao Brasil aqui com 11 anos, em 15 de fevereiro de 2011.  “Eles quebraram as costas do meu filho, quebraram o pescoço. Eu fugi do Congo para que eles não nos matassem. No entanto, eles mataram o meu filho aqui como matam em meu país. Mataram o meu filho a socos, pontapés. Mataram ele como um bicho.”

Ela pede ajuda para que o crime, cuja investigação segue em sigilo, não fique impune. Talvez descrente da capacidade de indignação e de protesto, faz um paralelo com a indignação que se forma diante de agressões e mortes de animais. “Eu vi na televisão que, aqui no Brasil, se um cachorro morrer, há várias manifestações. Então, eu quero que todo mundo me ajude com justiça. Eu não sei mais como será a minha vida. Por favor, me ajudem”, conclama. “Espero que esse caso não caia no esquecimento, como tudo cai.”

O ato é uma denúncia do racismo estrutural e da xenofobia que marcam esse assassinato e tantos outros. Na carta de repúdio divulgada pela comunidade congolesa, afirma-se: “Esse ato brutal, que não somente, manifesta o racismo estrutural da sociedade Brasileiro, mas claramente demonstra a XENOFOBIA dentro das suas formas, contra os estrangeiros, nós da comunidade congolesa não vamos nos calar.”. Em seu depoimento ao jornal, Ivana também denuncia o racismo e a xenofobia.  ”Por quê? Por que ele era pretinho? Negro? Eles mataram o meu filho porque ele era negro, porque era africano”, conclui.

O quiosque Tropikalia Beach fica na Praia da Barra da Tijuca, na altura do posto 8, na Avenida Lucio Costa. O quiosque permanece fechado, assim como um estabelecimento ao lado, cujos seguranças são investigados por participação no crime. O ato terá início às 10h. Participe.