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BRASIL

A venda do Botafogo: um alerta sobre o futuro do futebol

Juary Chagas, de Natal, RN
Foto: Vitor Silva/Botafogo

Sede do clube General Severiano

Acompanho com tristeza o que está ocorrendo com o Botafogo. Aliás, o finado Botafogo que agora é propriedade de um investidor trumpista que promete “revitalizar” o clube.

O ódio aos “dirigentes arcaicos” que clama pela “modernização” de um lado e, em larga medida, as gestões entreguistas dos clubes que colocaram a torcida em desalento, criando o discurso da “venda inevitável” tal qual as campanhas de privatização do Estado neoliberal parecem ter vencido.
O antigo Botafogo, um dos maiores clubes do mundo, de tantas glórias, vai virar um “plantation” de exportação de talentos, recrutando refugos sobrantes da Europa para manter-se em condições medianas de disputa e promover lucros de suas “commodities” futebolísticas.
Para que disputar o lugar onde sempre esteve se agora o que importa é o saldo em caixa do proprietário do clube? Sim, o clube que mais rendeu jogadores à seleção brasileira em copas do mundo agora tem um dono. Se der certo, fica tudo como está. Se der tudo errado, vira uma massa falida, o fim de toda empresa cujo proprietário percebe que não vai mais lucrar com ela.
Nada disso seria possível sem o vendaval propagandístico da imprensa. Fizeram o mesmo nas privatizações referindo-se imageticamente ao “elefante branco” do Estado “pesado e ineficiente”. Hoje estamos todos pagando a conta. A Rede Globo de Televisão, que não inadvertidamente tem lado no futebol e não é o do Botafogo, defendeu a ferro e fogo a SAF e hoje, 12/01, disponibilizou um dos seus mais talentosos funcionários na arte da gestão empresarial – uma espécie militante do Partido Novo das quatro linhas – para coordenar as ações de mercado do clube.
O futuro é sombrio porque eles não miram em alvo errado. O Botafogo era grande demais, importante demais e com a sua venda conseguiram uma “ação exemplar”.
O que resta do futebol está sob ameaça e parece que restará somente um ou dois times do sistema, mais alguns outros financiados por expedientes financeiros não muito probos.

Os times fora do eixo sul e sudeste, nem se fala. Os torcedores precisam refletir sobre isso e resistir ou só sobrará a história. Se sobrar.

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