Sobre a natureza de nossas classes dominantes: o exemplo do jornal O Estado de S. Paulo


Publicado em: 12 de janeiro de 2022

Brasil

Frederico Costa, de Fortaleza, CE

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

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O jornal O Estado de S. Paulo, um dos porta-vozes de nossas classes dominantes, neste domingo, 9 de janeiro, no editorial “O PT não sabe o que é cidadania”, defendeu a reforma trabalhista implantada após o golpe de Estado de 2016, reforma que, aumentando a exploração capitalista, reduziu a renda dos brasileiros, não gerou empregos e precarizou ainda mais as relações de trabalho.

O que motivou tal ataque foi a sinalização do Partido dos Trabalhadores (PT) de rever a reforma trabalhista (Lei 13.467, de 2017), aprovada no governo golpista de Michel Temer, caso Lula seja eleito presidente da República. A reforma trabalhista mudou regras relativas à remuneração, ao plano de carreira e à jornada de trabalho, entre outras. Aprovada para flexibilizar o mercado de trabalho e simplificar as relações trabalhistas, retirou direitos conquistados com muita luta. Entre as principais mudanças, podemos destacar:

1) Criação do contrato de trabalho intermitente, pelo qual o trabalhador é admitido pela empresa, mas não tem nenhuma garantia sobre as jornadas de trabalho e o salário.

2) Permissão da ampliação da jornada de trabalho de 12×36 para todas as categorias, aumentando o risco de acidentes de trabalho. Os empresários acham que o trabalhador é uma máquina, que não necessita de descanso e de alimentação.

3) O empresário pode transformar o salário fixo do trabalhador em algo variável, basta atribuir o nome de abono ou prêmio. Nesses casos, os ganhos poderão ser reduzidos a qualquer momento, segundo a vontade do empregador.

4) Terceirização ampla, geral e irrestrita, inclusive das atividades fins da empresa tomadora; garantida apenas a responsabilidade subsidiária da empresa principal.

Demagogicamente, os empresários, seus partidos políticos e sua imprensa, como o jornal O Estadão, divulgaram que esse ataque aos trabalhadores geraria 6 milhões de novos empregos. Hoje, o número de desempregados é mais de 13,5 milhões de brasileiros; na época da reforma, era de 12,6 milhões, fora os subutilizados (32,2 milhões) e os trabalhadores informais (38 milhões).

Resumo da ópera, a vida dos trabalhadores piorou ainda mais.

Quem ganhou com a reforma trabalhista?

Bem, com um total de 315 nomes, a lista de bilionários brasileiros da revista Forbes ganhou 42 super-ricos, em 2021. Se as famílias forem divididas, o ranking aparece com 77 nomes a mais do que em 2020.

A ficha caiu?

A reforma trabalhista do governo golpista de Temer atacou os trabalhadores e favoreceu as classes dominantes (burguesia brasileira/imperialismo), com maior exploração e precarização do trabalho. Tudo com uma cobertura ideológica de defesa da economia de mercado, flexibilização e empreendedorismo. De fato, os ricos ficaram mais ricos, os pobres mais pobres e as camadas médias mais desesperadas.

Então, o “Estadão” afirma que:

“A resistência de Lula à reforma trabalhista de 2017 não é, portanto, um aspecto acidental, uma incompreensão pontual, por assim dizer. Ela expõe, uma vez mais, a grande fissura que sempre existiu entre o discurso do PT em defesa dos direitos dos trabalhadores e a realidade da legenda, que desde suas origens priorizou os interesses dos sindicatos e das lideranças sindicais”.

É bom esclarecer que, a função dos sindicatos é defender os interesses históricos e imediatos dos trabalhadores.

E qual a função do jornal O Estado de São Paulo?

Defender os interesses de nossas classes dominantes, tendo raízes profundas no passado escravista colonial e lucrando com o lugar subalterno que o Brasil ocupa na divisão internacional do trabalho.

No entanto, o editorial do “Estadão” traz uma lição importante: a natureza inconciliável entre os interesses de nossas classes dominantes e as necessidades da maioria dos brasileiros.


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