O Ministério da Saúde encerrou a consulta pública na internet sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos. A consulta, criada em 23 de dezembro, foi alvo de duras críticas por parte de especialistas em saúde pública e infectologistas, como o ex-presidente da Anvisa, Gonçalo Vecina Neto, que a chamou de “uma idiotice”, já que a vacinação de crianças nesta idade já havia sido aprovada em 16 de dezembro pela Anvisa, agência responsável por liberar imunizantes aplicados contra a covid-19. A consulta na internet também recebeu críticas pela sua forma e perguntas, apontadas como tendenciosas e que levariam os responsáveis a se aproximarem de posições anti-vacina.
Diante disso, não houve, por parte de quem defende a aplicação da vacina, uma participação ativa na consulta, no sentido de buscar disputar o resultado final. Ao contrário, a enquete foi ignorada, sendo compreendida como uma manobra usada pelo governo Bolsonaro para ganhar tempo até 05 de janeiro, prazo estipulado pelo STF para que o Ministério da Saúde diga como será feita a imunização desta faixa etária. Mesmo assim, a maioria das 99.309 respostas foi contrária a exigência da prescrição médica, medida defendida pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. “A maioria foi contrária à obrigatoriedade da prescrição médica no ato de vacinação”, disse Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, em audiência pública nesta terça-feira, 4. Segundo a secretária, a maioria também foi favorável a priorizar os grupos com comorbidade e a não compulsoriedade da vacinação.
Protesto exige vacinação já!
O ministro da Saúde, na audiência, prometeu iniciar a vacinação em janeiro, mas não detalhou como será feita, o que deve ser anunciado nesta quarta-feira, 05, quando termina o prazo dado pelo STF. Segundo o Movimento pela Vacina para as Crianças (Movac), grupo criado no Rio de Janeiro, o total de crianças até 12 anos corresponde a cerca de 17,1% da população brasileira, ou 35,5 milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018. O grupo divulgou uma carta-manifesto exigindo o início da vacinação, na qual afirma não confiar no ministro Queiroga e em suas promessas. O grupo também convoca um ato público nesta quarta-feira, 05, a partir das 12h, em frente ao prédio do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, na Rua México, 128, no Centro da cidade.
De fato, não há motivos para confiar neste governo, que poderia já ter iniciado a vacinação deste grupo, como indicado pela Anvisa, OMS e especialistas em saúde pública. O atraso intencional do governo, ao decidir promover uma consulta fajuta, pode custar muitas vidas e criar uma situação na qual o retorno às aulas presenciais, em fevereiro, ocorrerá sem a completa imunização deste grupo. Mais um crime de um governo genocida e de um ministro que não considera emergencial vacinar as crianças.
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