Há um ano atrás, ou mais, um amigo, um grande amigo, me disse que o Lula faria esta aliança com Alckmin. E quem disse a ele foi um dos grandes representantes do agronegócio e um dos grandes manejadores por trás da cortina do PSDB. Aliás, dizia mais: “Lula está doente e provavelmente não terminará o mandato” (fosse eu um jornalista iria atrás dessa informação). Claro, eu, na minha infinita virgindade ética, não acreditei. Como era possível tal associação? Um dos expoentes do maior encarceramento em massa do mundo, da destruição do que restava da escola pública em São Paulo e da criminalização dos movimentos sociais estar ombro a ombro com o chamado “pai dos pobres”? (que horror ler isso esses dias!) Mas aconteceu.
Tudo bem, não daria para esperar grande coisa de um PT e de um Lula enredado numa política governada do mesmo modo e, por anos, pelas mesmas famílias; o Centrão, nosso câncer político. A surpresa ficou, no entanto, na defesa acritica, feita a plenos pulmões, por parte da esquerda, pelo chien de garde, que rapidamente buscou naturalizar a guinada, ou melhor a pá de cal na esquerda, feita por essa opção. Um atestado de óbito da esquerda lavrado em cartório. Nesse claro aceno de cumplicidade com aquilo que há de mais reacionário no país, em busca da mais abstrata tentativa de governabilidade, rifou-se de saída qualquer possibilidade de construção do novo. Lula e o PT querem forjar uma espécie de peronismo brasileiro rebaixado, mitificando uma figura que, se minha fonte estiver correta, nos deixará no meio do percurso. A síntese perfeita: “nem esquerda, nem direita, petista”. Uma história que repetida não se trata mais de farsa senão de comédia.
Enfim, meu problema não é com a escolha, porque desde tenros anos não espero nada melhor do PT, mas sim com a naturalização do rebaixamento de horizonte político por medo explicitado pela covarde classe média ilustrada. A mesma que, míope politicamente, nos levou para o buraco em que estamos… Dizer que não é hora de criticar? Que miséria! Não precisa ficar com medo, Lula segue sendo a única opção viável. Agora aceitar acriticamente, como ovelhas num rebanho, o descalabro de suas espúrias escolhas… Isso é um acinte..
Os alckmistas do PT transformaram, portanto, a desgraça em redenção e tocamos o barco para o próximo carnaval sem restrições com a esquerda que teme pela saúde mental, mas não teme dizer seu nome…
*O artigo não reflete, necessariamente, as opiniões do Esquerda Online. Somos um portal aberto às polêmicas e debates da esquerda socialista.
Comentários