Recordista das privatizações: 56,7% das vendas de ativos da Petrobrás ocorreram no governo Bolsonaro

Total é superior a soma do que vendido nos governos Dilma e Temer


Publicado em: 14 de dezembro de 2021

Brasil

Observatório Social da Petrobras

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Brasil

Observatório Social da Petrobras

Esquerda Online

Esse post foi criado pelo Esquerda Online.

Compartilhe:

Ouça agora a Notícia:

Desde março de 2015, quando teve início o plano de desinvestimento da Petrobrás, até 7 de dezembro deste ano, já foram vendidos 64 ativos e participações acionárias da estatal, somando R$ 243,7 bilhões. Mais da metade das privatizações aconteceu no governo de Jair Bolsonaro, com a negociação de R$ 138,2 bilhões, o equivalente a 56,7% do valor total. O primeiro ano do atual mandato, em 2019, registrou o maior valor de vendas anual de todo período, contabilizando R$ 74,7 bilhões, o que representa 30,6% do acumulado.

O levantamento é do Observatório Social da Petrobrás (OSP), realizado com base nos relatórios trimestrais e nos comunicados ao mercado feitos pela empresa até o dia 7 de dezembro. Os números foram atualizados, seguindo a variação da taxa de câmbio para a conversão da moeda e a inflação do período.

Os dados apontam que a menor arrecadação de venda de ativos ocorreu no governo de Dilma Rousseff (PT), nos anos de 2015 e 2016, somando R$ 26,9 bilhões (11%). Esse valor quase triplicou no mandato de Michel Temer (PMDB), entre 2017 e 2018, quando foram negociados R$ 78,5 bilhões (32,2%). Montante que aumentou em mais R$ 59,7 bilhões, algo em torno de 76%, nos últimos três anos, durante a presidência de Bolsonaro.

Em 2019, de acordo com o levantamento, foi concluída a venda do ativo mais caro desse período analisado. A TAG (Transportadora Associada de Gás), rede de gasodutos do Norte e Nordeste, subsidiária da Petrobrás, foi vendida por mais de R$ 42 bilhões. A NTS (Nova Transportadora do Sudeste), subsidiária que controlava a malha de gasodutos mais estratégica do país, que interliga toda a região Sudeste, foi o segundo ativo mais valioso. Sua negociação terminou em 2017, ultrapassando R$ 23 bilhões. O terceiro ativo mais caro foi privatizado em julho deste ano, a venda integral da BR, maior distribuidora de combustíveis do Brasil, por R$ 12 bilhões.

Segundo o levantamento, 2019 registrou recorde de arrecadação, com a venda de 10 ativos, mas foi em 2020 que a empresa teve maior número de privatizações. Foram vendidos 23 ativos e participações acionárias, somando R$ 52,8 bilhões. Neste ano, até dia 7 de dezembro, já haviam sido fechadas 15 negociações, num total de R$ 30,2 bilhões.

Marco histórico

Na retrospectiva das privatizações, 2021 será lembrado como um marco histórico, quando foi vendida a primeira refinaria da Petrobrás, a Rlam (Refinaria Landulpho Alves), na Bahia, por R$ 10 bilhões. Neste ano também foram negociados a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus, no Amazonas, e seus ativos logísticos associados por R$ 1 bilhão, além da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul (PR), por R$ 183 milhões.

A lista de desinvestimentos dos últimos três anos inclui ainda a venda da Liquigás e de diversos campos de petróleo em terra e mar, termelétricas, usinas eólicas e de biodiesel, o arrendamento das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia e de Sergipe e o fechamento, em 2020, da Fafen-PR.

“O levantamento do OSP demonstra que o processo de privatização da Petrobrás se aprofundou no governo Bolsonaro e em meio à grande crise ocasionada pelo aumento dos combustíveis este ano, fruto de uma política errada, construída pela direção da estatal com cunho privatista, que manteve, com o Preço de Paridade de Importação (PPI), os valores deslocados totalmente da realidade dos brasileiros. Campos de petróleo, refinarias e empresas de infraestrutura de distribuição construídas historicamente com investimentos públicos estão sendo vendidos para multinacionais estrangeiras, quando deveríamos estar buscando maior autonomia energética nacional, ouvindo a população brasileira – sócia majoritária da estatal – sobre a necessidade de termos um preço mais justo dos combustíveis, e não o preço definido pelo mercado internacional”, declara Tiago Silveira, economista do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).


Contribua com a Esquerda Online

Faça a sua contribuição