No dia 23 de novembro ocorrem as eleições para o SINASEFE seção sindical IFFluminense. Por conta da pandemia, o mandato atual foi prorrogado até o final de 2021. Durante as Assembleias Gerais ocorridas de formas remota/híbrida, tentamos por diversas vezes garantir uma eleição de forma híbrida, o que garantiria, inclusive, economia de recursos financeiros da entidade. Contudo, o setor majoritário da diretoria mobilizou sua base de apoio para impedir esta possibilidade, conseguindo aprovar as eleições apenas de forma presencial, mesmo sem saber se os campi estariam abertos e qual cenário sanitário teríamos na próxima semana.
A atual gestão da seção sindical reúne membros que estão à frente da entidade desde a sua fundação. Apesar da trajetória outrora de lutas e combatividade, tais integrantes ficaram presos ao passado, não renovando ou reoxigenando a entidade, que a cada dia se isola mais no cenário de lutas locais, regionais e nacionais. Não há trabalho de base concreto, há dificuldades de filiação de novos(as) servidores(as) e não há a compreensão de que o IFF agora transcende as cidades de Campos dos Goytacazes e Macaé, já que está presente em 13 campi e 11 municípios.
Para piorar o cenário, parte considerável da atual gestão não apenas votou, como fez campanha explícita para Bolsonaro e Mourão; compartilha posicionamentos da ministra Damares, vídeo contemporizando a ditadura militar; posta ataques aos Movimentos Sociais; se recusou a convocar Assembleias para discutir a adesão à greve e se recusou a enviar delegação do IFFluminense para a Jornada de Lutas em Brasília contra a PEC 32/2020. Agiram de forma autoritária e antidemocrática, tomando decisões sem consultar a base ou, pior, apenas consultando os amigos do rei, inclusive expulsando de reuniões e grupos de whatsapp servidores que tentavam ainda propor ações e manter o mínimo de respeitabilidade da entidade perante sua base.
Apesar de todo esse quadro, curiosamente esse grupo até o momento defende a filiação da seção sindical à CSP-CONLUTAS.
O grupo da situação formou uma chapa (Chapa 1 – Verdade e Respeito) para o pleito eleitoral, que contém três integrantes da atual gestão e um grupo e discurso alinhados aos mesmos posicionamentos e concepção sindical cujo horizonte tão somente corporativista pouco aponta para atender às necessidades e aos desafios que a conjuntura atual nos coloca, bem como ao conjunto da classe trabalhadora no Brasil. Com um programa de trabalho paupérrimo, não aponta uma linha acerca dos debates da reorganização da classe trabalhadora, debate este minorado durante anos pela seção sindical, deixando nossa base alheia e órfã, concretamente. Para piorar, o candidato à Presidência da chapa 1 ostentou na rede social Facebook uma foto de perfil em ode à Monarquia.
Diante deste cenário, há meses uma frente ampla foi organizada, culminando com a construção da chapa 2 – Esperançar para este pleito. Reconhecendo as limitações do debate sobre a reorganização, nossa chapa foi respeitosa e equilibrada com os diversos posicionamentos de lutadores e lutadoras que enxergam a inoperância, a burocratização e o autoritarismo do setor majoritário do SINASEFE IFFluminense. Sendo assim, a chapa 2 defende eu seu programa o seguinte: “Promover, em nossos jornais e debates, as discussões existentes acerca da reorganização da classe trabalhadora brasileira, participando e acompanhando a CSP-CONLUTAS e o Fórum Sindical, Popular e de Juventude Por Direitos e Liberdades Democráticas, espaços atualmente ocupados pela nossa seção sindical e pelo SINASEFE Nacional”. Durante todas nossas reuniões e também na Convenção de chapas, em nenhum momento nos posicionamos pela imediata desfiliação desta central sindical e popular, mas sim a defesa que a base do Sindicato tenha acesso a essas discussões, para futuramente deliberar por um posicionamento novo ou manter o atual. Houve, inclusive, a proposta – por parte da chapa 2 – de acordo tácito de que este debate não fosse encampado por ora ao longo dos dois anos da próxima gestão. No entanto, nada disso fora suficiente para convencer o PSTU da necessidade de sua presença no campo da oposição, conforme segue.
Até a véspera de nossa convenção de chapa, contávamos com a presença do companheiro militante do PSTU neste grupo de oposição, até porque o companheiro foi um dos expulsos da gestão passada, considerado pelos burocratas como dissidente. No dia 18 de novembro, a 5 dias da eleição, fomos surpreendidos com uma nota pública de apoio à chapa 1, a chapa da situação, que não toca as lutas internas e nacionais há alguns anos, nota esta assinada pelo militante do PSTU no IFFluminense. Nesta nota, “chamo o voto crítico na chapa 1 em defesa da manutenção da filiação e construção da CSP Conlutas”, sendo que em nenhuma linha do programa aparece tal posicionamento. Não obstante, o mais grave equívoco do PSTU, a nosso ver, não está na opção de uma dentre duas chapas do sindicato, mas sim fazê-lo movido a despeito da organização dos lutadores revolucionários da própria base sindical esta que é o esteio verdadeiro da luta de classes, em detrimento a uma central sindical que – por qualquer que ela seja – não pode ser objeto de entrave à unidade das organizações. Não obstante, ao que na nossa análise se torna óbvio, parece não ser para o PSTU, que prefere salvaguardar do que lhe resta de estrutura burocrática e, em nome do aparelhamento, refrear – na práxis – a luta de classes.
RESISTÊNCIA SINASEFE-UNIDADE CLASSISTA Germano Godoy
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