Pular para o conteúdo
BRASIL

É possível uma Frente de Esquerda nas eleições de Sergipe?

Sonia Meire, Igor Baima, Demétrio Varjão, Mel Cerqueira e Alexis Pedrão*
Twitter/Linda Brasil

Ato unificado pelo Fora Bolsonaro no último 02 de outubro em Aracajú

Em julho, escrevemos um texto sobre a importância de construirmos em Sergipe uma unidade das esquerdas, da mesma forma que temos feito em âmbito nacional, buscando derrotar Bolsonaro nas ruas. Novamente, retomamos a reflexão. Em Sergipe, tem sido fundamental essa ampla unidade de centrais, frentes, movimento negro, de juventude, parlamentares combativos, etc. A grande manifestação em 02 de outubro foi mais uma expressão do acerto da unidade, apesar de alguns grupos tentarem utilizar o ato para campanha eleitoral antecipada. De toda forma, caso não seja possível derrotar Bolsonaro nas ruas, sabemos que a disputa será no terreno eleitoral, e precisamos de candidaturas que representem a defesa da maioria trabalhadora e dos direitos sociais!

Numa eventual polarização Lula x Bolsonaro, não temos dúvida de que a prioridade é derrotar Bolsonaro! Um eventual segundo governo da extrema direita seria uma tragédia para o povo brasileiro. Mas o debate eleitoral não pode ser feito por mera adesão. O nome de Lula é o melhor colocado nas pesquisas, mas queremos discutir o programa, um projeto de país que sirva à classe trabalhadora em toda sua diversidade, para não repetirmos erros do passado. Defendemos uma Frente de Esquerda liderada por Lula, sem alianças com a direita e com um projeto inicial de revogação de todas as medidas desde o golpe.

Em Sergipe, o governo Belivaldo é subserviente ao governo federal e atende apenas os grandes interesses econômicos. Desrespeita os servidores públicos, aplica um projeto de desenvolvimento que explora o meio ambiente, prejudicando as comunidades de pescadores, marisqueiras e extrativistas, por meio da prioridade ao agronegócio, construtoras e empreendimentos de petróleo e gás.

Em Sergipe, o governo Belivaldo é subserviente ao governo federal e atende apenas os grandes interesses econômicos. Desrespeita os servidores públicos, aplica um projeto de desenvolvimento que explora o meio ambiente, prejudicando as comunidades de pescadores, marisqueiras e extrativistas, por meio da prioridade ao agronegócio, construtoras e empreendimentos de petróleo e gás. Um governo que não tem investido em políticas públicas, como moradia, esporte e lazer, ao contrário, atua com violência nas periferias, por reprimindo a juventude, os movimentos e suas greves. O governo tem como aliados centrais o bolsonarista Laércio Oliveira e o corrupto André Moura. Portanto, a unidade das esquerdas em Sergipe passa, necessariamente, pela oposição ao governo Belivaldo.

Infelizmente, o PT segue como parte do governo Belivaldo. Entretanto, as últimas declarações e movimentações políticas apontam para uma ruptura. Sendo assim, tudo indica que o PT deve se somar ao PSOL e demais partidos de esquerda, movimentos populares e sindicatos na oposição. Avaliamos que o PT está atrasado nessa política. Mas, como diz o ditado: “antes tarde do que nunca”.  A possibilidade da unidade inédita entre PSOL, PT, demais partidos de esquerda, movimentos sociais e sindicais em Sergipe, sem dúvida, anima a militância e pode desenvolver um programa de mudanças estruturais para o estado. Seria uma frente de esquerda histórica nas eleições de 2022.

Para viabilizar essa frente, o caminho prioritário é o debate em torno de um projeto de desenvolvimento econômico e social para Sergipe que atenda as reais necessidades do povo trabalhador, em toda sua diversidade. Um projeto que atenda o emprego com garantia de direitos sociais, que diga não as privatizações do Banese, Deso, Educação e Saúde, que apresente um plano de fortalecimento do funcionalismo, que recoloque a reforma agrária na agenda e estimule a produção agroecológica de alimentos, que defenda nossos rios e o meio ambiente do sistema predatório da carcinicultura, especulação imobiliária e a exploração desenfreada de petróleo e gás. Um programa que reverta o processo de desindustrialização e a dependência do agronegócio.

A possibilidade da unidade inédita entre PSOL, PT, demais partidos de esquerda, movimentos sociais e sindicais em Sergipe, sem dúvida, anima a militância e pode desenvolver um programa de mudanças estruturais para o estado. Seria uma frente de esquerda histórica nas eleições de 2022.

Essa discussão de projeto deve ser realizada com ampla participação da população sergipana, em cada cidade e povoado. Um projeto transformador com inclusão e protagonismo dos diversos grupos, formando uma linha de frente de operários, trabalhadores rurais, funcionários públicos, pequenos empresários, trabalhadores do comércio, da limpeza e dos transportes, terceirizados, informais, trabalhadores de aplicativos, extrativistas, pescadores, mulheres negras, LGBT’s, pessoas com deficiência, indígenas, quilombolas, enfim, a grande maioria da sociedade precisa ser ouvida. A participação popular é central para a construção de um projeto alternativo para Sergipe.

Uma outra questão para conformação de uma Frente de Esquerda são as alianças. Com esse cenário de ruptura do PT com Belivaldo, e um fortalecimento da oposição no campo da esquerda, o PSB sergipano voltou a aparecer na cena política. Sabemos que há um diálogo nacional e figuras de esquerda no PSB, a exemplo de Freixo (RJ) que deixou o PSOL recentemente, ou Flávio Dino, governador do Maranhão, ex-filiado do PCdoB. Contudo, em Sergipe, o PSB é liderado pela família Valadares, que sempre fez parte da elite sergipana e da política conservadora em aliança com João Alves e a família Franco. Não esquecemos que Valadares, quando foi governador, reprimiu duramente os professores.

Mas, não são apenas diferenças políticas de um passado distante. O PSB tem uma postura duvidosa, de não sustentar suas posições. Agora está modificando o seu discurso a favor de Lula e do PT, mas, nos últimos anos, o PSB apoiou o golpe contra a presidente Dilma. Esse grave ataque à democracia e ao povo brasileiro contou com o apoio ativo e irrestrito de Valadares Filho, enquanto deputado federal. Não satisfeitos, fortaleceram em Sergipe os defensores da operação Lava Jato que ajudaram Bolsonaro a se eleger, como Alessandro Vieira e Danielle Garcia. Não há confiança política. Em nossa opinião, o PSB sergipano não cabe em uma aliança de esquerda.

Ao avançarmos na discussão de programa e alianças, temos condições de definir os nomes para liderar esse projeto. Hoje, os principais nomes do PT são Rogério Carvalho, Eliane Aquino, João Daniel e Iran Barbosa. Do lado do PSOL, temos nomes como Sonia Meire, Linda Brasil, Henri Clay, Mario Leony e Márcio Souza para citar algumas lideranças do partido. Os nomes são importantes, mas o principal é a construção de um projeto coletivo de mudanças estruturais, o avanço dos direitos, dos empregos e da melhoria de vida do povo sergipano. Por isso, é válido buscar o diálogo. O povo sergipano carece de uma alternativa e nós vamos dar o nosso melhor para construirmos a unidade da esquerda por um novo Sergipe.

*Sonia Meire é suplente de vereadora em Aracaju, militante da Resistência/Psol

*Igor Baima é presidente do Sindiscose, militante da Resistência/Psol

*Demétrio Varjão é presidente do Psol Aracaju, militante da Resistência/Psol

*Mel Cerqueira é militante do Afronte e da Resistência/Psol

*Alexis Pedrão é militante da Resistência/Psol