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MOVIMENTO

Greve da GM: em volta de feriado, proposta é rejeitada e greve continua

Relato da Greve da GM de São Caetano do Sul – Parte III

Otávio Mendes*
Divulgação/ABCD Jornal

O feriado nacional prolongado do dia 12 de Outubro não serviu para esfriar os ânimos do pessoal na fábrica. Pelo contrário, hoje (13) pela manhã a Assembleia do 1ºturno confirmou a disposição de greve, rejeitando de forma unânime a proposta de conciliação apresentada em audiência no TRT na última sexta-feira (08). Com o dia de hoje, a greve chega a 7 dias úteis (13 dias no total) sem produzir um carro sequer na planta da GM de São Caetano do Sul (SCS).

Com o dia de hoje, a greve chega a 7 dias úteis (13 dias no total) sem produzir um carro sequer na planta da GM de São Caetano do Sul (SCS).

Ao chegar para bater o ponto e participar da Assembleia, encontramos a fábrica totalmente habilitada para produção. Houve um esforço das chefias do 3ºturno em garantir que na volta do feriado os equipamentos estivessem prontos para um possível retorno ao trabalho uma vez que havia uma proposta a ser apresentada nessa volta de feriado. Toda essa movimentação contou não só com o bonito espírito de luta que tomou, mas contou do chão de fábrica desde que a greve foi declarada no dia primeiro de Outubro. À medida que o tempo passa, a empresa se mostra intransigente em oferecer uma proposta razoável. Nossa paciência vai se esgotando, então mantemos a greve para forçar uma negociação justa e adequada aos lucros da GM nos últimos anos. Respeito com seus funcionários é o mínimo que uma empresa desse porte deveria demonstrar.

A proposta apresentada em Assembleia hoje foi resultado da audiência de negociação entre Sindicato de Metalúrgicos de SCS (Força Sindical) e GM, realizada no TRT/SP na última sexta-feira. Foi apresentado para nós o reajuste salarial e de piso em 10,42% (INPC integral do período) a contar desde Setembro (também seria reajustado nesse percentual o valor do restaurante e do ônibus fretado); volta da progressão de carreira para 6 meses (atual é 9 meses); não desconto dos dias parados, nem necessidade de reposição/compensação de horas – todos itens condicionados ao final da greve. A concessão do benefício vale-alimentação e a manutenção integral da cláusula 42 de estabilidade para funcionários lesionados não estavam inclusos na proposta e serão decididos no julgamento da greve.

Esses dois últimos pontos são caros ao movimento, e por isso a Assembleia rejeitou de forma unânime a proposta apresentada. Por mais que represente um avanço desde o início da Campanha Salarial, a unidade da greve não foi quebrada e seguimos em luta dura, olhando no olho da chefia para ir embora, demonstrando que a greve não é de brincadeira e não entramos para perder.

A concessão do Vale-Alimentação significa garantir uma condição mais razoável para que os trabalhadores/as possam fazer a despesa mensal da família frente ao avanço escandaloso da inflação nos itens básicos de consumo como alimento, luz, combustível. Também a questão de manutenção da cláusula 42 garante proteção à quem possa vir a se lesionar dado a natureza do trabalho fabril, geralmente questões externas ao próprio trabalhador que além da lesão poderá ganhar de brinde uma demissão caso seja alterado o texto dessa clausula. 

Hoje à tarde, teremos o julgamento da greve no TRT2-SP. Nossas atenções estão voltadas para esse tribunal. Estará em questão a liminar de abusividade da greve, e as demais pautas da campanha salarial. O velho clássico trabalhador x patrão está sendo jogado de forma intensa e difícil. Toda solidariedade e apoio deve cercar a fábrica da GM nesse momento em que a paciência dos dois lados se esgotando e a pressão aumenta. Não arredamos o pé, a greve segue forte nesse início de semana. 

 

*Eletricista de Manutenção na GM de São Caetano do Sul