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BRASIL

Da janela, moradora registra pessoas em fila para comprar ossos em Petrópolis (RJ)

da redação
Caminhão com fila, com cerca de 20 pessoas
Reprodução / Sonia Cupido

Da janela de casa, todos os dias, a auxiliar de contabilidade Sonia Cupido via se formar uma fila de pessoas para comprar ossos e restos de carne. Sonia mora próximo a uma unidade do supermercado Extra, no centro de Petrópolis (RJ), de onde acompanhava a fila em torno de caminhões de empresas de carne, na Travessa Prudente Aguiar.

Há seis dias, na véspera do feriado, às 07h25, ela resolveu publicar a foto da fila em sua conta no instagram, e a imagem viralizou na cidade, chamando a atenção para o aumento da fome e da miséria.

Na rede social, Sonia registrou sua indignação. “Sem palavras… Só tristeza! Onde estão os governantes?” e outros moradores da cidade comentaram, inclusive registrando que a fila existe há algum tempo. “Sim, já vinha acompanhando só que a cada dia a fila aumenta mais. As pessoas nunca prestaram atenção devida ao fato. Então fui tocada a fotografar e postar, talvez os políticos da nossa cidade vendo está cena façam um trabalho social para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.?”, respondeu Sonia.

Sonia, de 67 anos, concedeu entrevistas a vários veículos da imprensa da cidade. “A gente acha que isso só acontece distante, mas está aí a prova de que na nossa cidade também acontece”, afirmou ao portal Sou Petrópolis. Segundo dados do Ministério da Cidadania levantados pelo portal, Petrópolis tem mais de 33 mil pessoas em situação de fome e pobreza extrema, que vivem com até R$ 89 por mês per capita.

A cena em Petrópolis está se repetindo em várias cidades e em todas as capitais, com a inflação dos alimentos e o aumento do desemprego e da crise social. Como na cidade serrana, a maioria das pessoas na fila é negra.

O governo Bolsonaro, em vez de atuar para garantir a continuidade do auxílio emergencial e mudar a política de preços dos combustíveis e do gás de cozinha, o que contribuiria para reduzir a inflação, dedica recursos públicos para a compra do voto de deputados na reforma administrativa, que afetará ainda mais os direitos do povo, como a assistência social. Ao mesmo tempo, governadores e prefeitos ignoram a dor do povo e são capazes até de proibir ações de solidariedade, como o fechamento da cozinha solidária do MTST em Porto Alegre, que ocorreu nesta quarta-feira, 13.

SOLIDARIEDADE

O Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) em Petrópolis, tem feito campanhas de solidariedade, procurando levar cestas básicas para famílias em situação de extrema pobreza e registra que as doações têm diminuído. “A procura continua enorme, mas as doações de cestas estão cada dia menores. (…) Muitas vezes que saímos para a entrega de cestas cadastradas encontramos pessoas pelo caminho que estão em desespero, procurando restos em lixeiras e acabamos distribuindo o que podemos. A situação está muito triste. Para muitos que doamos, a comida é feita à lenha e muitas famílias estão sem energia elétrica”, diz Carla Carvalho, do CDDH.

O centro aceita doações de qualquer valor e divulga em seu site, com transparência, todas as prestações de contas. As doações em dinheiro podem ser enviadas para a seguinte conta:
Banco do Brasil
Agência: 2885-1
Conta: 1275599-2
CNPJ: 27.219.757/0001-27