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Cuba é o primeiro país da América Latina a vacinar 80% de sua população

A vacina Soberana 2 é produzida em Cuba Foto: JOAQUIN HERNANDEZ / AFP

Gabriel Casoni

Gabriel Casoni, de São Paulo (SP), é professor de sociologia, mestre em História Econômica pela USP e faz parte da coordenação nacional da Resistência, corrente interna do PSOL.

Cuba registra um dos mais altos índices de vacinação no mundo. Segundo o site de estatísticas Our Word In Data, 44% da população da ilha, de 11,3 milhões de habitantes, estão com a imunização completa (tomaram todas as doses) e 36% receberam a primeira dose. A expectativa do governo é de que toda a população da ilha esteja vacinada com todas as doses necessárias até novembro desse ano. 

Vale notar que 1,6 milhões de crianças e adolescentes cubanos já receberam a 1a dose da vacina, sendo que 900 mil têm entre 2 e 11 anos. Cuba é o primeiro país do mundo a iniciar o processo de imunização de crianças a partir de 2 anos. 

As doses aplicadas na ilha são de vacinas elaboradas e produzidas no próprio país. Cuba desenvolveu quatro vacinas 100% nacionais: Soberana 1, Soberana 2, Soberana Plus e Abdala.  Segundo a farmacêutica estatal BioCubaFarma, a aplicação de duas doses da vacina contra a covid-19 Soberana 02, combinada com uma da Soberana Plus, alcançou uma eficácia de 91,2% para prevenir a doença sintomática causada pelo coronavírus. Índice de eficácia semelhante ao da norte-americana Pfizer. 

Cuba já solicitou à OMS validação internacional de suas vacinas, bem como está submetendo a publicação dos estudos sobre a eficácia de suas vacinas em revistas científicas de renome  internacional, como a The Lancet. Além de vacinar sua população, Cuba irá exportar imunizantes a preços solidários. O Vietnã já comprou 10 milhões de doses da vacina Abdala. México, Argentina, Irã e Venezuela também já demonstraram interesse na aquisição das vacinas cubanas. 

Assim, as vacinas cubanas poderão cumprir um significativo papel na imunização dos países mais pobres, que até agora receberam percentual baixo de doses dos países mais ricos, que concentram grande parte da produção e aplicação das vacinas disponíveis no mundo, vendendo a preço elevado às nações da periferia do sistema o que sobra de imunizantes em seus países. 

O feito de Cuba é notável, seja por ter produzido quatro vacinas próprias, seja por ter um dos maiores índices de cobertura vacinal contra a Covid no mundo. A realização cubana se torna ainda mais espetacular dado o fato de que o país — uma ilha com poucos recursos financeiros — sofre com um cruel bloqueio dos Estados Unidos há 60 anos, o que impõe severos danos e limitações à economia da ilha. Não há dúvidas de que a pesquisa científica e o sistema de saúde pública de Cuba são conquistas inquestionáveis da revolução socialista.