O mundo se encontra em um estado de emergência climática. O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) coloca um cenário sombrio pela frente. Além de localizar que hoje a humanidade já enfrenta desastres ambientais irreversíveis provocados pelas alterações climáticas, aponta ainda que caminhamos mais rapidamente para um aquecimento do planeta em 1,5°C acima da temperatura terrestre pré-revolução industrial – limite máximo indicado pelos cientistas para se evitar os piores desastres e impactos sobre a vida na Terra.
Esse ano já vimos uma maior ocorrência de eventos extremos, como as inundações ocorridas, por fortes chuvas na Alemanha, Bélgica, na China, na Costa Leste dos Estados Unidos, acompanhada de intensas tempestades tropicais, e também grandes incêndios, na Costa Oeste estadunidense, e no Mediterrâneo, em particular na Grécia e Turquia. O verão no hemisfério norte foi de um calor fortíssimo, chegando a provocar dezenas de mortes no Canadá e temperaturas de mais de 40° em diversos países.
No Brasil, já é possível sentir os efeitos dessas mudanças: a atual crise hídrica e a maior ocorrência de secas severas, afeta diretamente a produção de alimentos e a vida animal. Em um contexto onde 19 milhões de brasileiros passam fome, a imprevisibilidade do clima agrava, ainda mais, a situação de insegurança alimentar. Já nas periferias das grandes cidades, as fortes chuvas provocam alagamentos, deslizamentos, destruição de casas e mortes de pessoas, afetando fortemente a população negra e periférica. Fazendo com que o racismo, a desigualdade social e os impactos da emergência climática se entrecruzem no nosso país.
O modo de produção capitalista e a busca desenfreada pelo lucro provoca diretamente os desequilíbrios que vivenciamos. A lógica de expansão ilimitada da produção de novas mercadorias, a obsolescência programada e a perpetuação do uso de matrizes energéticas mais baratas e mais poluentes, a fim de se reduzir custos de produção, são chagas profundas do próprio capitalismo, o qual não só desagrega e destroi biomas, natureza e modos de vida locais, mas impacta todo o globo com o aquecimento terrestre. Por isso é preciso que se mude o sistema, não o clima!
A crise ecológica no Brasil
No Brasil, o maior peso da contribuição de emissão de gases do efeito estufa no nosso país não está ligada a queima de combustível fóssil, mas sim ao desmatamento das nossas florestas. Este ano, fruto das políticas ecocidas de Bolsonaro, a Amazônia pela primeira vez emitiu mais CO2 do que capturou da atmosfera. Os recordes de queimadas atingem não só a Amazônia, mas o conjunto de biomas brasileiros, como também o do Pantanal. Tanto Ricardo Salles, quanto o atual ministro do meio ambiente, Joaquim Leite, ligado ao agronegócio, são diretamente responsáveis pela situação corrente. Atuando desde sempre para “passar a boiada”, ou seja: fragilizando as leis e regras ambientais, anistiando criminosos e favorecendo interesses de quem age ilegalmente.
O avanço do capital, portanto, está intimamente ligado com a queima da floresta. A abertura de novas áreas para a criação de gado ou cultivo de soja se dá diretamente pela derrubada da mata nativa. Contribui com esse cenário o garimpo ilegal, praticamente liberado desde que o genocida tomou posse. A luta em defesa da floresta não é só uma guerra em defesa do meio ambiente e travada pelos ecologistas. Os maiores guerreiros dessas batalhas são os povos indígenas que resistem a invasão de suas terras e as comunidades tradicionais e camponesas, as quais resistem à expulsão, à violência física e a total desestruturação do seu modo de vida.
A luta ecológica no país possui então essa importante marca: a defesa da Amazônia e de seus povos, quilombolas, indígenas, seringueiros, ribeirinhos, camponeses etc., os quais resistem ao avanço do trator capitalista, defendendo uma floresta em pé e um modo de vida integrado com a natureza, de maneira sustentável. Não por acaso, atualmente, grande parte das áreas preservadas na região amazônica são aquelas demarcadas como Terras Indígenas (TI’s).
Nesse momento, em que os povos originários brasileiros estão em uma batalha fundamental contra a aprovação da tese do Marco Temporal, acreditamos que esta deve ser parte fundamental da luta de todos aqueles que defendem uma vida humana na Terra de forma equilibrada e sustentável. Pois, defender os povos indígenas e a demarcação de suas terras é defender a floresta e um futuro digno para a nossa geração no planeta.
Construir a Greve Global pelo Clima e o Fora Bolsonaro
Portanto, estaremos nas ruas nesse dia 24, lutando contra o capitalismo e as mudanças climáticas no Brasil e no mundo, entendendo que essa batalha passa fundamentalmente pela questão ecológica no nosso país: a defesa de nossas florestas em pé, batalha essa travada lado a lado com as comunidades e povos tradicionais, com destaque para a luta indígena contra a aprovação do Marco temporal e pela demarcação de suas terras.
Devemos também unificar essa batalha com a luta pelo #ForaBolsonaro. A maior floresta tropical do mundo, de maior biodiversidade, a Amazônia está sendo colocada no chão por madeireiros, grileiros, garimpeiros e fazendeiros, sob a proteção do governo federal, o qual desmontou os órgãos de fiscalização e proteção ambiental e tem favorecido todo tipo de aventureiro que quer destruir a floresta e lucrar ilegalmente com as nossas riquezas. Bolsonaro é o maior ecocida global. É urgente derrotar o fascismo e sua política de extermínio ambiental.
Tomar às ruas na Greve Global pelo Clima!
Em defesa de nossas florestas e seus povos!
Brasil é Terra Indígena!
Não ao Marco Temporal!
Fora Bolsonaro!
Ecossocialismo ou extinção!
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