Em coluna na Folha de S. Paulo divulgada na última segunda (13), Guilherme Boulos reitera a posição das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular de não participação nos atos convocados pelo MBL no último domingo (12), em defesa de uma “terceira via” para as eleições de 2022. O principal objetivo do ato é a construção de um bloco antibolsonarista que não componha a frente única em torno da candidatura de Lula.
O líder do MTST e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL declarou respeitar setores minoritários da esquerda que construíram o ato, mas afirma:
“Movimentos como o MBL não têm autoridade nenhuma para liderar a luta contra Bolsonaro, até por terem utilizado os mesmos métodos bolsonaristas, de fake news e ataques covardes, contra a esquerda e movimentos sociais. Na verdade, não é no MBL que devemos focar, mas nas forças políticas capazes de alterar o xadrez de votos na Câmara a favor do impeachment.”
Boulos atribui o fracasso na mobilização no último domingo ao baixo apelo da campanha pela “terceira via” nas massas. “As duas forças capazes de mobilizar multidões no Brasil seguem sendo o bolsonarismo e a esquerda.”, afirma. Nesse sentido, ele levanta em sua análise dois aspectos fundamentais para explicar o fracasso do ato.
“Primeiro, a demonstração cabal de que esses movimentos tiveram sua base social fagocitada pelo bolsonarismo. Ao romperem com Bolsonaro, ficaram sozinhos; vieram os líderes e a máquina digital, mas a força de mobilização ficou com o capitão. Segundo, a constatação evidente de que a chamada terceira via não tem empolgado muita gente.”
Importância da frente única
Embora a esquerda não tenha construído as manifestações do último domingo (12), isso não significa que não seja fundamental a mais ampla unidade contra o governo genocida e corrupto. Muito pelo contrário, Boulos identifica como positivo que cada vez mais setores liberais desembarquem do bolsonarismo, e destaca a importância construir unidade de ação com os mais amplos setores no que diz respeito ao enfrentamento ao Presidente.
“Se formos capazes de atrair esses setores para as manifestações contra Bolsonaro, o cenário pode mudar. É muito relevante o simbolismo de um palanque amplo pela democracia, que defenda também as bandeiras populares da luta contra a fome, a inflação e o desemprego, com a grandeza que a atual encruzilhada nos exige. Isso não significa unidade eleitoral para 2022, apenas o rechaço uníssono às ameaças golpistas que colocam o Brasil e as próprias eleições em risco. Os atos de 2 de outubro serão o próximo capítulo. O desafio é combinar mobilização popular com amplitude democrática.”
Boulos termina o artigo convocando o povo às ruas no próximo dia 02, data da próxima mobilização convocada pela Frente Nacional Fora Bolsonaro.
EDITORIAL
O Brasil depois de 07 de setembro e os desafios da esquerda
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