Entrar em uma organização política requer amadurecimento. Os militantes independentes precisam refletir sobre esse passo, pois assumir uma organização altera seu próprio modo de vida. Reunir, pensar política e colocar em prática, são tarefas necessárias nessa jornada. Acima de tudo, devemos encarar esse processo como uma mudança pessoal que age diretamente na sociedade, pois entrar em uma organização nos dá forças nos momentos difíceis; teremos um espaço para nos manter conectados nos momentos de calmaria e durante as ações, teremos a organicidade que precisamos para mudar o mundo.
Nosso grupo, formado por 8 pessoas manteve conectado por mais de 1 ano na condição de militantes independentes, que se reuniam e realizavam ações em conjunto. No primeiro momento tentamos articular um coletivo, posteriormente criamos um grande grupo de campanha para o candidato a prefeitura de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), que se chamou Eu Tô Com ED 50! e por último, nos dedicamos em estruturar nossa equipe, pensando em intervenções através da educação popular.
Após a leitura da tese do campo semente para o congresso do PSOL, parte de nosso grupo percebeu as semelhanças que nutríamos com esses setores, essa foi a nossa grande faísca. Debatemos por mais de 3 meses com algumas organizações: Resistência, Maloka Socialista e Subverta, mas apesar de acordos importantes com todos os setores, tivemos maior proximidade política com a Resistência.
Nós chegamos até aqui por não visualizar que Bolsonaro levou nocaute; não menosprezamos a extrema direita, precisamos de uma frente única de esquerda nas ruas e em 2022; Entendemos que só existe uma terra e que se não mudarmos a nossa relação com o planeta, estaremos entrando em um processo de extinção; precisamos fortalecer a luta contra as opressões, sejam elas raciais, de gênero, orientação sexual ou fincadas pelo capacitismo e queremos um espaço, que nos permita intervir na sociedade, mas que também seja um polo de reorganização da esquerda brasileira.
Os acertos políticos da Resistência foram cruciais para esse processo, como a compreensão de que o antipetismo não nos serve; as importantes ações de luta em cada região do Brasil, realizadas em conjunto com os movimentos regionais, Travessia, Afronte e Resistência Feminista; em tempos de constantes fragmentações da esquerda, as constantes fusões com a Resistência, incluindo a última, com a Coletiva Ecossocialista Rebelião, demonstra um espaço interno saudável, um fator determinante para atrair nosso grupo.
Chegamos com o intuito de propor uma nova frente de intervenção, que busque uma aliança com os bairros e ilhas de Belém, através de nossa principal ação, a educação Popular. Respeitamos as intervenções no movimento estudantil e sindical, por esse motivo queremos ampliar o leque de ações da Resistência no Pará. Existe uma grande parcela da população que não está nas universidades, colégios ou trabalhos sindicalizados, são essas pessoas que queremos tentar dialogar.
Acreditamos que esse espaço precisa ser disputado, com uma linha política coerente e com ações efetivas. A educação popular é uma importante forma de intervenção, que possibilita a troca de conhecimento entre variadas pessoas, podendo servir como uma grande ponte entre nossa organização e setores da população. Temos o intuito de iniciar um movimento mais amplo, que busque ter a educação popular como principal linha de ação, unindo militantes da Resistência e ativistas independentes.
Estamos felizes com a nossa decisão, pretendemos ser semente de novos horizontes, pois urge a necessidade de fortalecer as organizações de esquerda no Brasil. Nós temos o maior desafio dos últimos 30 anos e precisamos ter pé no chão, derrotar o bolsonarismo não é uma tarefa fácil. A esquerda precisa continuar seu processo de inserção nos locais prioritários e abrir trabalhos novos, pois só disputando a maioria social para ações militantes, conseguiremos derrubar esse governo.
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